domingo, 17 de julho de 2016

A CAPITAL DA CULTURA BALEEIRA...

NOTAS DO MEU CANTINHO



O site de viagens do jornal espanhol El País insere a agradável notícia de que a Vila das Lajes do Pico ficou em décimo lugar das quinze localidades melhor classificadas pela sua beleza. A jubilosa notícia não vem de cá. Vem de fora. Do estrangeiro, porque dentro de portas não havia, naturalmente, a coragem para isso afirmar.
E isso acontece porque o camartelo ainda não destruiu totalmente a sua traça primitiva. Aqui e ali foram aparecendo algumas modificações, mas o essencial foi mantido e isso valeu-lhe a classificação que o “El País” lhe atribui. Afinal, trata-se, em nosso entendimento, de um aviso sério e, mais do que oportuno para que se evitem atropelos futuros às suas características urbanísticas que ainda se conservam.
         Salvaguardar tão rico património sócio-cultural é um dever, imperioso dever, de quem assumiu a responsabilidade da administração da coisa pública.
A vila, mau grado nosso, continua com duas ou três chagas, que mais não existem. São, afinal, aqueles habitações que estão em ruínas. E volto a falar na casa da Maricas do Tomé e de outras duas ou três que, mesmo assim, são o suficiente para dar um aspecto um pouco degradante à antiga Rua Direita na vila.

É tempo, mais do que suficiente, para que o camartelo restaurador entre em acção e que as entidades públicas, a quem compete tomar as medidas de salvaguarda do património público, assumam a restaurem, ou procurem auxiliar o restauro condigno desses imóveis.
Não interessa que modifique o aspecto urbanístico, modernizando-o, mas que se tomem medidas cautelares, para que se não destrua o que os artífices – que nem engenheiros eram – foram capazes de construir. Refiro, neste momento, a “Casa do Comendador” que ostenta uma placa de 1910. Não conto a história da sua construção, mas recordo somente a beleza da sua arquitectura, obra de um simples mas inteligente carpinteiro, que a projectou a seu jeito e orientou a construção, o Mestre Francisco San Miguel da Fonseca Santos. A sua descendência está praticamente extinta, só restando uma neta. Mas a sua memória não desaparecerá, ao menos, da geração. Com mais espaço poderei referir a “história” desta construção.
A Matriz das Lajes é “projecto” do antigo Vice-Vigário e Ouvidor Pe. Francisco Xavier de Azevedo e Castro, embora sofresse alguma modificação aquando da segunda fase, digamos assim, da sua construção e conclusão.
Repare-se na casa que foi de João de Deus Bettencourt, na rua P. Manuel José Lopes, antiga rua do Poço, e que pertence actualmente à família de Clarêncio Moniz da Rosa. Foram operários lajenses que a construíram e embelezaram. A pintura interior, ainda hoje, dá testemunho do grande pintor que foi o Domingos Belém. Felizmente que parou numa família que a sabe conservar, convenientemente.
Na rua Direita, está ainda em ruínas uma casa do século XVIII, que devia ser restaurada no estilo primitivo, que ainda conserva, mas que foi incompreensivelmente abandonada, ignorando-se quem seja hoje o respectivo proprietário.
         E bem cara que ela é a quem este arrazoado escreve...
Importa conservar o piso antigo de alguns arruamentos, como é o da antiga “Ladeira da Vila” que ainda liga à bacia da Maré. Deve restaurar-se o antigo piso da Rua do Saco, pois não permite trânsito automóvel que justifique o asfalto, cobrindo indevidamente a antiga calçada, que deve ser recuperada, tratando-se presentemente de uma zona bastante frequentada pelo Turismo.
         É preciso não esquecer que habitamos a DÉCIMA das quinze mais bonitas localidades de Portugal e capital da cultura da baleia.


Lajes do Pico,
25 de Junho de 2016

Ermelindo Ávila

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