NOTAS DO MEU CANTINHO
Julguei que não chegasse aqui e que
ficasse pelo caminho já percorrido, mas quis o Senhor que, uma como tantas vezes,
me enganasse. Bem? Mal? Que outros respondam.
Há muito que penso nesta nota. Chegou o
dia de a ela me referir nestas acolhedoras colunas. Refiro os canhões do
Castelo.
Conheci-os,
durante muitos anos, a servirem de apoio no varar dos “lanchões”, quando esses
batelões por cá existiram ao serviço dos barcos, “Funchal” (primeiro) e depois
“Lima”, que vieram a ser substituídos pelos pequenos navios “Cedros” e “Anel” e
mais tarde pelo “Ponta Delgada”.
Como já escrevi anteriormente, no tempo
da Revolução Francesa (1789), uma ordem régia determinou a construção de fortes
ou castelos. Na Vila das Lajes o castelo
foi construído no antigo forte de Santa Cataria, este construído por mandato
régio de 15 de Maio de 1574.
Em 1885,
foi constituída uma “Sociedade do Forno da Cal” que se instalou na antiga
fortaleza e nela construiu uma chaminé, que ainda lá se encontra, e que estava
coberta com uma meia redoma de plástico, quando ali se instalou o “Posto de
Turismo”, e que há muito se encontra partida.
O castelo possuía uns pequenos canhões,
nas sete ameias e duas vigias da pequena fortaleza. Importa que para lá voltem e sejam
recolocados. Como acima se refere, alguns esses pequenos canhões, foram
trazidos para as imediações da entrada na Lagoa para servirem de apoio, outros
desapareceram.
No
entanto, com a construções da Muralha de Defesa
construída após o ciclone de 1936, que derrubou o antigo muro de defesa
e, mais tarde, com a construção da rampa de varagem, mais a Sul, os canhões
deixaram de ser utilizados e também foram “arrumados”.
Está
a ser construído novo edifício para a instalação do Posto de Turismo, aliás há muito
reclamado, pois as instalações actuais, ficando “fora da vila“, de pouco
serviam aos visitantes.
Não
conheço o projecto do novo Posto. Mas isso não importa. Interessa que o serviço
de informação turística seja devidamente instalado, disponha de uma informação
correcta e, consequentemente, preste um bom serviço a quem o procure, e seja,
simultaneamente, um elemento positivo de propaganda da vila, seu concelho e da
própria ilha, mormente entre os visitantes estrangeiros que, atraídos pelo Whale Watching, por aqui aparecem em
razoável número.
De facto é notório o número de visitantes
que por aqui têm passado nos últimos anos, mas sabe-se da incompreensível
concorrência que, às empresas locais, estão a fazer, com instalações em outras
ilhas onde a actividade baleeira nunca foi praticada ou, se experimentada, foi
de efémera existência.
Não sei qual o destino que vai ser dado
às instalações do antigo forte, um edifício classificado como imóvel de
interesse público. Seja qual for, importa que se dignifique o único imóvel de
natureza militar existente na ilha do Pico e que constitui um apreciável
elemento da nossa história, bastante prejudicada que é por falta de sinais que,
incompreensivelmente, desapareceram. E que para ele voltem os canhões, onde
quer que se encontrem... E recordo aqui, não a forca de tétrica existência, mas o pelourinho que podia ter sido conservado, como em outras terras aconteceu.
De monumentos antigos restam, quase
extramuros, o convento franciscano, o
maior edifício existente na ilha do Pico e que data, a primeira fase, de 1691; e
a ermida de São Pedro, a primeira
paroquial da ilha, e que foi construída pelos primeiros povoadores, por volta
de 1460, também esta classificada como imóvel de interesse público. Falta,
porém, repor a placa que lá existia, bem como colocar uma no edifício do antigo
convento. São elementos indispensáveis para a sua completa identificação.
Pequenos
sinais que registam a história lajense, já que outros desapareceram com o
camartelo da ignorância.
Vila das Lajes, Pico,
6 de Janeiro de 2016
Ermelindo Ávila
1 comentário:
Estou totalmente de acordo. Há imenso património na Região Autónoma que precisa ser rehabilitado e conservado, não só para o turismo, mas também para a população local, a fim de nunca se perder o sentido histórico do nosso passado, rico e multifacetado. Bem haja, Sr Ermelindo Ávila, por manter vivos estes temas de interesse público, alertando "a quem de direito" no sentido de que algo seja feito, pois como diz o ditado "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura." Abraço.
Enviar um comentário