sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

CONTINUANDO...

NOTAS DO MEU CANTINHO


          Julguei que não chegasse aqui e que ficasse pelo caminho já percorrido, mas quis o Senhor que, uma como tantas vezes, me enganasse. Bem? Mal? Que outros respondam.
          Há muito que penso nesta nota. Chegou o dia de a ela me referir nestas acolhedoras colunas. Refiro os canhões do Castelo.
          Conheci-os, durante muitos anos, a servirem de apoio no varar dos “lanchões”, quando esses batelões por cá existiram ao serviço dos barcos, “Funchal” (primeiro) e depois “Lima”, que vieram a ser substituídos pelos pequenos navios “Cedros” e “Anel” e mais tarde pelo “Ponta Delgada”.
          Como já escrevi anteriormente, no tempo da Revolução Francesa (1789), uma ordem régia determinou a construção de fortes ou castelos. Na Vila das Lajes o castelo foi construído no antigo forte de Santa Cataria, este construído por mandato régio de 15 de Maio de 1574.
          Em 1885, foi constituída uma “Sociedade do Forno da Cal” que se instalou na antiga fortaleza e nela construiu uma chaminé, que ainda lá se encontra, e que estava coberta com uma meia redoma de plástico, quando ali se instalou o “Posto de Turismo”, e que há muito se encontra partida.
          O castelo possuía uns pequenos canhões, nas sete ameias e duas vigias da pequena fortaleza.  Importa que para lá voltem e sejam recolocados. Como acima se refere, alguns esses pequenos canhões, foram trazidos para as imediações da entrada na Lagoa para servirem de apoio, outros desapareceram.
          No entanto, com a construções da Muralha de Defesa  construída após o ciclone de 1936, que derrubou o antigo muro de defesa e, mais tarde, com a construção da rampa de varagem, mais a Sul, os canhões deixaram de ser utilizados e também foram “arrumados”.
          Está a ser construído novo edifício para a instalação do Posto de Turismo, aliás há muito  reclamado, pois as instalações actuais, ficando “fora da vila“, de pouco serviam aos visitantes.
          Não conheço o projecto do novo Posto. Mas isso não importa. Interessa que o serviço de informação turística seja devidamente instalado, disponha de uma informação correcta e, consequentemente, preste um bom serviço a quem o procure, e seja, simultaneamente, um elemento positivo de propaganda da vila, seu concelho e da própria ilha, mormente entre os visitantes estrangeiros que, atraídos pelo Whale Watching, por aqui aparecem em razoável número.
          De facto é notório o número de visitantes que por aqui têm passado nos últimos anos, mas sabe-se da incompreensível concorrência que, às empresas locais, estão a fazer, com instalações em outras ilhas onde a actividade baleeira nunca foi praticada ou, se experimentada, foi de efémera existência.
          Não sei qual o destino que vai ser dado às instalações do antigo forte, um edifício classificado como imóvel de interesse público. Seja qual for, importa que se dignifique o único imóvel de natureza militar existente na ilha do Pico e que constitui um apreciável elemento da nossa história, bastante prejudicada que é por falta de sinais que, incompreensivelmente, desapareceram. E que para ele voltem os canhões, onde quer que se encontrem... E recordo aqui, não a forca de tétrica existência, mas o pelourinho que podia ter sido conservado, como em outras terras aconteceu.
          De monumentos antigos restam, quase extramuros, o convento franciscano, o maior edifício existente na ilha do Pico e que data, a primeira fase, de 1691; e a ermida de São Pedro, a primeira paroquial da ilha, e que foi construída pelos primeiros povoadores, por volta de 1460, também esta classificada como imóvel de interesse público. Falta, porém, repor a placa que lá existia, bem como colocar uma no edifício do antigo convento. São elementos indispensáveis para a sua completa identificação.
          Pequenos sinais que registam a história lajense, já que outros desapareceram com o camartelo da ignorância.


Vila das Lajes, Pico,
6 de Janeiro de 2016

Ermelindo  Ávila

1 comentário:

Antonio M Arruda disse...

Estou totalmente de acordo. Há imenso património na Região Autónoma que precisa ser rehabilitado e conservado, não só para o turismo, mas também para a população local, a fim de nunca se perder o sentido histórico do nosso passado, rico e multifacetado. Bem haja, Sr Ermelindo Ávila, por manter vivos estes temas de interesse público, alertando "a quem de direito" no sentido de que algo seja feito, pois como diz o ditado "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura." Abraço.