domingo, 3 de fevereiro de 2013

A ILUMINAÇÃO


Notas do meu cantinho


Passou há semanas o Natal. A iluminação pública a cargo do Município, foi muito fraca. Quase só serviu para assinalar a época. O mesmo aconteceu pela maioria dos diversos concelhos da Região.
Por cá admitiu-se o sistema de só abrir a iluminação nocturna em metade da vila. A parte que circunda a Matriz continua sem iluminação há algum tempo, o que provoca certos embaraços às pessoas que participam nos actos litúrgicos ao entardecer e que, ao sair da igreja, se deparam com a escuridão da noite...
Uma medida restritiva imposta pela economia troikiana que vai atingindo todos os sectores da vida, provocando já a fome e a miséria, como nos deram notícia os órgãos da Comunicação Social, durante a época natalícia. E era ver, com mágoa tamanha aqui o registo, os movimentos de solidariedade que por aí se foram organizando, para se ficar com uma pálida ideia da miséria que já existe em muitos lares, obrigando os seus membros a sair à rua, de prato na mão, a receber uma sopa, distribuída pelas associações de solidariedade social. Se doloroso é receber assim ”em público” a esmola para matar a fome, também o é para muitos dos que assistem, embora casualmente, a tão deprimente espectáculo.
Prenuncia-se, como medida de singular administração económica, a subida da electricidade, da água, dos combustíveis e de outros produtos mais essenciais à vida das pessoas, e simultaneamente, torna-se pública a necessidade de fazer cortes nas pensões miseráveis que os utentes recebem, porque a vida toda descontaram para, agora, delas puderem usufruir. São, pois, um direito adquirido com sacrifício e do qual não podem nem devem ser privados. Houve quem estivesse ao serviço e a descontar para a C.G.A. quarenta e seis anos para, ao reformar-se, apenas puder receber trinta e seis anos, aliás como estava legislado.
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Portugal continental tem electricidade através de várias fontes: de combustíveis fósseis, da geotermia, da hidráulica, da eólica e já tentou das ondas. E isso referindo, volto a um assunto que não desejava. Tinha mesmo feito o propósito de não mais o trazer a público, dada a maneira como há sido tratado pelas entidades responsáveis que, quase todas, com honrosas excepções, se mostraram desinteressadas no aproveitamento da hidroeléctrica da ilha do Pico, depois de haver sido devidamente estudado com resultados positivos.
Mas, não sou eu, que pouco conto neste sector como aliás em tantos outros. A população, a sua generalidade, é que está a sofrer o desinteresse de tão momentoso assunto. E há meio século, se não mais, que ele anda a ser discutido e estudado. Estudado e programado porque alguns (outros já partiram...) sabem que o respectivo projecto foi elaborado e aprovado e só não foi por diante porque a respectiva entidade gestora o relegou para o “fundo da gaveta”.
Por deferência e gentileza do Autor dos Estudos e Projecto, pude compulsar, aqui há anos, o processo que só não foi por diante porque a ilha não estava totalmente electrificada e, consequentemente, não absorvia a produção da energia produzida pelas respectivas turbinas. Estava-se, então, a electrificar a ilha com a chamada “rede rural” porque assim o Estado pagaria a totalidade da obra, informou-me o distinto Engenheiro. Mas tudo ficou “em águas de bacalhau” e os picoenses vêem subir, dia-a-dia, o custo do respectivo kilowatt com grande prejuízo para as suas paupérrimas bolsas. Uma situação catastrófica que quase ninguém se importa de remediar, mormente aqueles que, depois disso, promoveram a construção de grandiosos edifícios com escritórios mobilados onde não faltam os assentos espaldares . Quem não conhece a história?!...
Estão no seu direito! Os outros que alarguem a bolsa para irem pagando a factura mensal do consumo ou do prevista consumo...
Dia virá em que as caldeiras para movimentarem as turbinas produtoras passem a ser alimentadas pela lenha dos Mistérios; ou, então, terá de encarar-se a sério o aproveitamento das lagoas do interior da ilha, para fazer mover as máquinas produtoras. E não será novidade. Nos anos quarenta do século passado, quando a guerra de Hitler dominava a Europa, na ilha do Pico, e não só, as camionetas eram movidas a gás produzido por lenha e, também, algumas a óleo de gata e de baleia...Outros tempos? Talvez!

Vila das Lajes do Pico,
Janeiro de 2013
Ermelindo Ávila 

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