Nunca me agradou este mês. Sempre o achei cheio de tristeza e de lugubridade. O mês em que se recorda, com um misto de saudade, aqueles que partiram e não voltarão.
Passamos nas ruas e já não os encontramos. Em lugar deles topamo-nos com caras desconhecidas, muitas delas nem de cá são e que passam indiferentes, ao largo.
O mês de Novembro, antes do Concílio Vaticano II era um mês de luto e de tristeza. E isso ficou-me para o resto da vida. Nas igrejas, celebravam-se ofícios fúnebres, ante um cadafalso coberto de panos negros. Os próprios paramentos usados pelo clero celebrante eram pretos. Tudo envolto num ambiente tétrico, que causava pavor aos miúdos e contribuía para a tristeza que se estampava nos rostos dos adultos.
Actualmente desapareceram os paramentos pretos. Foram substituídos pelos roxos que amenizam um pouco o ambiente das celebrações litúrgicas.
Os altares eram enfeitados com crisântemos, normalmente roxos, que, mesmo assim, eram retirados nos dias das celebrações fúnebres. E, nesses dias, a Igreja recordava a antífona própria do tempo: Lembra-te que és pó e em pó te hás-de tornar.
“Libera animus omnium fidelium defunctorum de poenis inferni. Livrai-nos das fauces do leão, não as engula o abismo e não caiam nas profundezas tenebrosas” .
A Igreja continua a lembrar os mortos e a orar pelas suas almas. Normalmente, os cristãos têm uma particular devoção às almas do Purgatório. Recorda-as com sufrágios especiais neste mês que lhes é dedicado de uma maneira especial.
É por isso que aqueles temores da infância e juventude já desapareceram há muito. Quando a realidade da vida é compreendida, de uma maneira especial, encaramo-la com certa naturalidade e quase, senão todos os meses passam a ser iguais no recordar aqueles que nos deixaram para sempre.
Se os lembramos a quase todos os momentos da vida que nos resta, não deixamos de implorar para eles a Misericórdia divina!...
Bem sabemos e respeitamos os sentimentos daqueles que estão convictos de que a vida acaba com a morte, mas, por isso mesmo, também temos o direito de esperar que respeitem e tolerem os nossos sentimentos no que respeita à vida que não se acaba mas apenas se transforma com a morte corporal.
Para os cristãos este mês de Novembro é um mês especial dedicado particularmente aos fiéis defuntos. Eles também não se esquecem de nós. Retribuamos-lhes, generosamente com nossas preces, com esmolas e actos de generosidade a tantos carenciados, que, nestes tempos de crise, por aí vagueiam à espera de algo que lhes mate a fome ou lhes permita adquirir os remédios de que carecem. E são tantos!
Vila das Lajes,
26 Outº. 2011
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