sábado, 9 de abril de 2011

INTERESSES DA MINHA ILHA


Intitulo este texto “Interesses da Minha Ilha”, como o podia “baptizar” da Nossa Ilha. Eles são gerais e dizem respeito ao todo que é o Pico. Fazer desenvolver uma parcela da Ilha é contribuir para o desenvolvimento e progresso de toda Ilha. Mas, atenção: o Desenvolvimento tem de ser harmónico e interessar o seu todo. Deixem-me trazer aqui uma comparação: um homem bem vestido mas mal calçado, ou descalço, não se encontra bem vestido. Assim a Ilha. Desenvolver uma parte e deixar a outra ao abandono, é contribuir para a degradação de toda a ilha. É bom que se tenha isso presente e que, embora a ilha esteja há séculos dividida administrativamente, nada justifica que se olhe apenas para uma dessas parcelas e se ignorem as restantes. Assim sendo, nunca o desenvolvimento e o progresso, como se anuncia, poderá beneficiar o seu povo.

Há dias encontrei-me com uma senhora de uma das freguesias do concelho. Se fosse noutra ilha diriam que era de uma freguesia do Campo… Falou-me dos meus artigos e referindo-se a um deles dizia-me que estava de acordo com o que eu dizia porque a Vila não podia ser abandonada. São testemunhos destes, recebidos muito a miúdo, que nos confortam e nos animam a prosseguir neste trabalho modesto, sem compensação material, que isso não importa, mas pelo estímulo que nos trazem essas palavras amigas.

Há três décadas, mais ou menos, os três Municípios Picoenses reuniram-se resolveram criar Três Federações: Electricidade, águas e obras públicas, ficando sedeadas uma em cada Município. Assim, a Federação de Electricidade ficou com a sede no Município Lajense, enquanto a das águas ficaria no Município da Madalena e a das Obras em São Roque do Pico. Que me lembre foi a única tentativa colectiva para o desenvolvimento do Pico. Ainda hoje lamento que ela tivesse falhado, pois a ilha nada veio a lucrar com o acontecido… Ainda recordo como o processo se desenvolveu. Águas passadas…

A Federação de Electricidade entrou logo em funcionamento, passando a administrar centrais as existente nos três concelhos, incluindo as chamada “comunitárias”. As outras duas federações, por razões diversas, não passaram de mera intenção. Mas não teve melhor sorte a da Electricidade pois, decorrido algum tempo, o Governo Regional resolveu criar a Empresa de Electricidade dos Açores. A EDA assumiu imediatamente a direcção da Federação. Para a nova empresa pública foram transferidas as centrais, redes e todo o activo, sem qualquer compensação para os Municípios. Que eu saiba, no respectivo protocolo ficou somente salvaguardado que a iluminação pública ficaria à responsabilidade da nova empresa, bem como as iluminações das festas tradicionais dos respectivos concelhos. Acontece que a Câmara Municipal das Lajes tinha acabado de pagar a empreitada de construção da rede de São João às Lajes, no que tinha despendido cerca de vinte mil contos. E creio que não recebeu qualquer compensação…

Registe-se ainda que para a EDA transitaria o pessoal administrativo e técnico da Federação. A sede dos serviços deveria continuar na vila das Lajes. E assim aconteceu durante algum tempo, chegando a EDA a adquirir um prédio para a instalação dos serviços administrativos. Mas, ao que consta, tudo se modificou e o pessoal, uma parte ao menos, passeia diariamente para o novo local de serviço.

Decorridos cerca de trinta anos está a EDA a remodelar a rede da Vila das Lajes, passando-a totalmente a subterrânea, serviço que há muito devia ter sido empreendido. Mas não basta a rede. Os focos luminosos da rede pública tem de ser aumentados e reforçada a força das respectivas lâmpadas para que a Vila venha a ter uma iluminação condizente com a categoria urbana que possui, embora não haja sido classificada como merecia e merece.

E não volto a falar na hidroeléctrica, como projecto da autoria do Engº Cavaco, que foi Director Geral dos Serviços Hidráulicos. O projecto foi abandonado, naturalmente porque a turbina deveria ser instalada na Ribeira da Burra.



Vila das Lajes, Março de 2011.

Ermelindo Ávila



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