Não é a primeira vez que refira o património das igrejas da ilha do Pico. Algumas delas possuíam alfaias litúrgicas e peças de prata, de assinalável valor artístico, alem de imagens seculares, de uma riqueza escultórica tamanha.
Esse valioso património nem sempre foi devidamente cuidado, resultando por vezes o seu desaparecimento.
Para salvaguarda do Património Religioso, que eu saiba, apenas foi instituído na Diocese o Museu de Arte e Etnografia Religiosa, nos anexos do Convento dos Franciscanos, na cidade da Horta, por Decreto do Bispo de Angra, D. Manuel Afonso de Carvalho, datado de 16 de Agosto de 1963.
Estabelece esse decreto que “todos os objectos recolhidos e devidamente catalogados, pertencerão sempre às igrejas donde foram recolhidos, ficando bem explícita a origem de cada objecto.”
Sabe-se que, da Paróquia das Lajes, foram recolhidas, no Museu, algumas Imagens de apreciável valor histórico e escultural e que pertenciam à antiga Matriz. Estavam recolhidas na chama “Casa dos Terceiros”, anexa ao convento franciscano desta vila.
Instalado que foi, na igreja anexa ao referido convento lajense, o “Museu Missionário”, onde estão recolhidos diversos valores pertencentes a alguns dos antigos Missionários Picoenses, é tempo de regressarem àquela instituição os objectos actualmente recolhidos no Museu da Horta, e que lá devem estar devidamente inventariados, como determina o Decreto do Bispo de Angra.
E já que se fala em valores de arquivo, recordo aqui o precioso recheio da Igreja Paroquial da Piedade, e que está relacionado no Inventário a que procedeu a Comissão constituída nos termos da lei da Separação do Estado das Igrejas, por Joaquim Rocha Bettencourt, administrador do Concelho, Manuel Silveira Ávila Furtado, presidente da comissão administrativa paroquial e André Pereira de La-Cerda, aspirante de finanças.
Depois de descrever, em pormenor, o edifício da Igreja, bem construído, incluindo o Altar mor, e as Capelas de Nª Senhora do Rosário, do Coração de Jesus, de Nossa Senhora das Dores e das Almas, descreve o corpo da Igreja onde se encontra(va) o púlpito e o coreto com o órgão. Relaciona as 17 Imagens existentes nos altares. No altar mor a imagem Nossa Senhora da Piedade com o Senhor Morto, titular da Igreja, com diadema de prata. No Sacrário uma píxide de prata dourada pesando 965 Gramas. Alem dos resplendores e coroas de prata das imagens, tinha “uma lâmpada grande de prata que pesava catorze mil e setecentos gramas”, (14,700 kgs.) seis castiçais de prata, pesando l3, 000 kgs., uma custódia de prata, pesando 2,430 kgs. e uma outra também de prata dourada pesando 4,825 kgs., uma píxide de prata, com quatrocentos e trinta e cinco gramas, e outros objectos também de prata. Foram inventariados várias capas de asperges, casulas e dalmáticas em seda e das diversas cores litúrgicas. Possuía presbitério e passal.
Do Inventário consta também uma ermida de Santo Antão, na Ribeirinha, distante cinco quilómetros da igreja paroquial, com várias imagens com coroas e resplendores de prata e outros utensílios, entre eles um par de galhetas, um turíbulo, uma naveta, um cálice, um relicário, uma âmbula e cordão e uma coroa de prata, pesando tudo 2,760 kgs. Além disso possuía 3 cordões de ouro, uma Conceição e 12 brincos de orelha, pesando tudo 125 gramas.
Foi ainda arrolada, como pertencente à Paróquia, uma pequena Ermida no lugar da Manhenha, dedicada a São Tomé, distante da Igreja Paroquial mais de quatro quilómetros e que foi assim descrita: “É uma pequena ermida de pedra e cal, assoalhada, tendo uma só capela com um altar de madeira em obra de talha dourada em mau estado. Ao centro tem numa pienha a imagem de São Tomé e no nicho ao lado tem uma pequena imagem de Nossa Senhora das Mercês. No corpo da ermida tem um pequeno púlpito e um coro com escadas de acesso interiormente. Do lado direito tem uma pequena sacristia.”
Pelo inventário referido verifica-se que a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, construída depois do abalo de terra de 1755, ficou concluída oito anos depois, segundo a tradição local.
Por razões que agora aqui não trago, a igreja da Piedade era aquela de possuía alfaias e vasos sagrados de maior valor . Não sei se ainda tudo lá existe. Pena é que o órgão tenha sido desmantelado e a grande lâmpada de prata esteja retirada do serviço.
Alguns dos valores que hajam sobrevivido, nestes cem anos decorridos, e que não estão em uso, podiam e deviam ser recolhidos no Museu Missionário, onde já estão recordadas as memórias de dois notáveis filhos da freguesia da Piedade: o Patriarca Dom José Vieira Alvernaz e seu Irmão, Monsenhor Manuel Vieira Alvernaz, este missionário que foi nos Estados Unidos da América.
As outras igrejas paroquiais da Ilha do Pico, como aliás as dos Açores, tinham e possuem seus valores mas, a não ser os tesouros da Sé, da Matriz de Ponta Delgada, e do Santuário de Santo Cristo, outra não conheço com tão valioso espólio. Isto, entenda-se, referido a 1912, um século decorrido.
Vila das Lajes
25 de Junho de 2010
Ermelindo Ávila
Esse valioso património nem sempre foi devidamente cuidado, resultando por vezes o seu desaparecimento.
Para salvaguarda do Património Religioso, que eu saiba, apenas foi instituído na Diocese o Museu de Arte e Etnografia Religiosa, nos anexos do Convento dos Franciscanos, na cidade da Horta, por Decreto do Bispo de Angra, D. Manuel Afonso de Carvalho, datado de 16 de Agosto de 1963.
Estabelece esse decreto que “todos os objectos recolhidos e devidamente catalogados, pertencerão sempre às igrejas donde foram recolhidos, ficando bem explícita a origem de cada objecto.”
Sabe-se que, da Paróquia das Lajes, foram recolhidas, no Museu, algumas Imagens de apreciável valor histórico e escultural e que pertenciam à antiga Matriz. Estavam recolhidas na chama “Casa dos Terceiros”, anexa ao convento franciscano desta vila.
Instalado que foi, na igreja anexa ao referido convento lajense, o “Museu Missionário”, onde estão recolhidos diversos valores pertencentes a alguns dos antigos Missionários Picoenses, é tempo de regressarem àquela instituição os objectos actualmente recolhidos no Museu da Horta, e que lá devem estar devidamente inventariados, como determina o Decreto do Bispo de Angra.
E já que se fala em valores de arquivo, recordo aqui o precioso recheio da Igreja Paroquial da Piedade, e que está relacionado no Inventário a que procedeu a Comissão constituída nos termos da lei da Separação do Estado das Igrejas, por Joaquim Rocha Bettencourt, administrador do Concelho, Manuel Silveira Ávila Furtado, presidente da comissão administrativa paroquial e André Pereira de La-Cerda, aspirante de finanças.
Depois de descrever, em pormenor, o edifício da Igreja, bem construído, incluindo o Altar mor, e as Capelas de Nª Senhora do Rosário, do Coração de Jesus, de Nossa Senhora das Dores e das Almas, descreve o corpo da Igreja onde se encontra(va) o púlpito e o coreto com o órgão. Relaciona as 17 Imagens existentes nos altares. No altar mor a imagem Nossa Senhora da Piedade com o Senhor Morto, titular da Igreja, com diadema de prata. No Sacrário uma píxide de prata dourada pesando 965 Gramas. Alem dos resplendores e coroas de prata das imagens, tinha “uma lâmpada grande de prata que pesava catorze mil e setecentos gramas”, (14,700 kgs.) seis castiçais de prata, pesando l3, 000 kgs., uma custódia de prata, pesando 2,430 kgs. e uma outra também de prata dourada pesando 4,825 kgs., uma píxide de prata, com quatrocentos e trinta e cinco gramas, e outros objectos também de prata. Foram inventariados várias capas de asperges, casulas e dalmáticas em seda e das diversas cores litúrgicas. Possuía presbitério e passal.
Do Inventário consta também uma ermida de Santo Antão, na Ribeirinha, distante cinco quilómetros da igreja paroquial, com várias imagens com coroas e resplendores de prata e outros utensílios, entre eles um par de galhetas, um turíbulo, uma naveta, um cálice, um relicário, uma âmbula e cordão e uma coroa de prata, pesando tudo 2,760 kgs. Além disso possuía 3 cordões de ouro, uma Conceição e 12 brincos de orelha, pesando tudo 125 gramas.
Foi ainda arrolada, como pertencente à Paróquia, uma pequena Ermida no lugar da Manhenha, dedicada a São Tomé, distante da Igreja Paroquial mais de quatro quilómetros e que foi assim descrita: “É uma pequena ermida de pedra e cal, assoalhada, tendo uma só capela com um altar de madeira em obra de talha dourada em mau estado. Ao centro tem numa pienha a imagem de São Tomé e no nicho ao lado tem uma pequena imagem de Nossa Senhora das Mercês. No corpo da ermida tem um pequeno púlpito e um coro com escadas de acesso interiormente. Do lado direito tem uma pequena sacristia.”
Pelo inventário referido verifica-se que a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, construída depois do abalo de terra de 1755, ficou concluída oito anos depois, segundo a tradição local.
Por razões que agora aqui não trago, a igreja da Piedade era aquela de possuía alfaias e vasos sagrados de maior valor . Não sei se ainda tudo lá existe. Pena é que o órgão tenha sido desmantelado e a grande lâmpada de prata esteja retirada do serviço.
Alguns dos valores que hajam sobrevivido, nestes cem anos decorridos, e que não estão em uso, podiam e deviam ser recolhidos no Museu Missionário, onde já estão recordadas as memórias de dois notáveis filhos da freguesia da Piedade: o Patriarca Dom José Vieira Alvernaz e seu Irmão, Monsenhor Manuel Vieira Alvernaz, este missionário que foi nos Estados Unidos da América.
As outras igrejas paroquiais da Ilha do Pico, como aliás as dos Açores, tinham e possuem seus valores mas, a não ser os tesouros da Sé, da Matriz de Ponta Delgada, e do Santuário de Santo Cristo, outra não conheço com tão valioso espólio. Isto, entenda-se, referido a 1912, um século decorrido.
Vila das Lajes
25 de Junho de 2010
Ermelindo Ávila
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