A Ilha do Pico estava povoada há aproximadamente cinquenta anos. Os que aqui chegaram tiveram a preocupação de construir uma pequena igreja ou ermida, dedicada a S. Pedro, nome do primeiro Pároco, a qual fica “ao cabo da Vila a nordeste da barra e porto dela, pegada a um braço de terra que ali faz rio morto, a qual por ser pequena trataram de fazer outra a meio da vila, como efeito fizeram, no lugar que agora está, do orago da Santíssima Trindade, para cujo efeito lançaram uma finta em todos os moradores da ilha e nas fazendas dos Ausentes”. A ilha tinha ao tempo 45 moradores que contribuíram com 28$011 reis. Isto regista Frei Diogo das Chagas no “Espelho Cristalino...”.
No entanto, numa acta da Vereação pode ler-se: “Neste mesmo meio tempo (1509 a 1535) se acabou e fez a Igreja nova, que hoje tem, porque em o primeiro de Fevereiro de 1539 acordaram em Câmara se botasse finta para se lajear a igreja, que já parece estar acabada, pois a queriam lajear, e todo este tempo se deviam servir da antiga Igreja do Apóstolo S. Pedro.” A igreja tinha 30 metros de comprimento e 16,30 de largura. Isto nos narra Lacerda Machado na sua “História do concelho das Lajes. E diz que era idêntica à antiga igreja de S. Bárbara, demolida aquando da construção da actual.
A igreja foi, de facto construída no meio da vila, mas, devido aos temporais marítimos que a atingiram durante séculos, encontrava-se bastante arruinada, apesar das obras de beneficiação que foram executando através dos tempos. Assim, em 1792 construiu-se a Capela do Santíssimo e o escultor Agostinho de Mello construiu o respectivo retábulo e um crucifixo para a sacristia do clero além de outras reparações na capela baptismal e sacristia, tudo no valor de 594.150 reis.(Seria dessa época o sacrário que foi recuperado pelo antigo Pároco, Dr. Rogério Gomes, e que está servindo na actual Matriz? É de crer.)
Nesses anos foram executadas outras obras na Matriz tais como: portas travessas, soalho de todo o corpo e cruzeiro, quatro confessionários, lajeamento do pavimento da parte Norte e das paredes de todo o adro, caiamento de interiores e exteriores da igreja e capela, tudo no valor de 279.120 reis. Nas frestas, vidraças, entravamento e soalho da capela mor, em 1797 despendeu-se 119.357 reis.
Todavia, os Prelados da Diocese e os visitadores, por eles designados, em seus relatórios não deixavam de chamar a atenção para o estado de decadência em que se encontrava a antiga Matriz da Santíssima Trindade, o que levou a Junta de Paróquia desta vila a promover a construção de uma nova Igreja Matriz.
O projecto e a respectiva “Memória Descritiva” foram elaborados e assinados pelo antigo ouvidor e cura da Matriz, Pe. Francisco Xavier de Azevedo e Castro. Na “Memória Descritiva” diz ele: “A Matriz actual, de
proporções demasiadamente acanhadas e de uma construção muito fraca, não chega, ao menos, para um terço da população da freguesia.”
E, depois: “Nestas condições pois, tudo pedia e aconselhava uma construção totalmente nova. E esta necessidade é já de tantos tempos reconhecida, pois várias tentativas se têm feito neste sentido, todas infrutíferas, por muitas razões, mas das quais a principal tem sido a falta de meios para obra de tanto vulto.”
Referindo-se ao lugar, escreve: “Aproveita-se todo o terreno que circunda a Matriz actual, mas não foi possível acomodar o plano da nova Matriz na mesma direcção da velha, por ser curto.”
“Na sua elaboração (do Plano) atendeu-se à numerosa população da freguesia e à grande afluência de povos que nas festas principais vem de muitos pontos da Ilha.”
Embora já estivesse construída a igreja de São Bartolomeu, a paróquia da Matriz compreendia as zonas do Soldão às Terras e, em 1874, tinha 3.123 habitantes.
Segundo a “Memória Descritiva” em referência se escreve: “O pavimento da Igreja ficará elevado acima do pavimento da Matriz actual cerca de dois metros, condição indispensável para opor ao abrigo das águas”.
A igreja ficou com cerca de 20 metros de largura, (a nave central tem 10 metros de largura e as laterais 4 metros, e as colunas têm 0,70 de face). O comprimento é de 27,50 metros e a altura das torres de 22,20 metros. As paredes laterais têm 12,70 de altura.
A Memória a que me reporto está datada de 4 de Maio de 1895. Já então se realizava, desde 1883, a festa de Nossa Senhora de Lourdes.
A bênção e colocação da primeira pedra ocorreu em 7 de Julho de 1895. Ocorrem hoje 115 anos! Mas, acerca da Matriz e da sua trabalhosa construção, ainda há muito a dizer. Se me for permitido, lá chegarei...
Vila das Lajes
7 de Julho de 2010
Ermelindo Ávila
No entanto, numa acta da Vereação pode ler-se: “Neste mesmo meio tempo (1509 a 1535) se acabou e fez a Igreja nova, que hoje tem, porque em o primeiro de Fevereiro de 1539 acordaram em Câmara se botasse finta para se lajear a igreja, que já parece estar acabada, pois a queriam lajear, e todo este tempo se deviam servir da antiga Igreja do Apóstolo S. Pedro.” A igreja tinha 30 metros de comprimento e 16,30 de largura. Isto nos narra Lacerda Machado na sua “História do concelho das Lajes. E diz que era idêntica à antiga igreja de S. Bárbara, demolida aquando da construção da actual.
A igreja foi, de facto construída no meio da vila, mas, devido aos temporais marítimos que a atingiram durante séculos, encontrava-se bastante arruinada, apesar das obras de beneficiação que foram executando através dos tempos. Assim, em 1792 construiu-se a Capela do Santíssimo e o escultor Agostinho de Mello construiu o respectivo retábulo e um crucifixo para a sacristia do clero além de outras reparações na capela baptismal e sacristia, tudo no valor de 594.150 reis.(Seria dessa época o sacrário que foi recuperado pelo antigo Pároco, Dr. Rogério Gomes, e que está servindo na actual Matriz? É de crer.)
Nesses anos foram executadas outras obras na Matriz tais como: portas travessas, soalho de todo o corpo e cruzeiro, quatro confessionários, lajeamento do pavimento da parte Norte e das paredes de todo o adro, caiamento de interiores e exteriores da igreja e capela, tudo no valor de 279.120 reis. Nas frestas, vidraças, entravamento e soalho da capela mor, em 1797 despendeu-se 119.357 reis.
Todavia, os Prelados da Diocese e os visitadores, por eles designados, em seus relatórios não deixavam de chamar a atenção para o estado de decadência em que se encontrava a antiga Matriz da Santíssima Trindade, o que levou a Junta de Paróquia desta vila a promover a construção de uma nova Igreja Matriz.
O projecto e a respectiva “Memória Descritiva” foram elaborados e assinados pelo antigo ouvidor e cura da Matriz, Pe. Francisco Xavier de Azevedo e Castro. Na “Memória Descritiva” diz ele: “A Matriz actual, de
proporções demasiadamente acanhadas e de uma construção muito fraca, não chega, ao menos, para um terço da população da freguesia.”
E, depois: “Nestas condições pois, tudo pedia e aconselhava uma construção totalmente nova. E esta necessidade é já de tantos tempos reconhecida, pois várias tentativas se têm feito neste sentido, todas infrutíferas, por muitas razões, mas das quais a principal tem sido a falta de meios para obra de tanto vulto.”
Referindo-se ao lugar, escreve: “Aproveita-se todo o terreno que circunda a Matriz actual, mas não foi possível acomodar o plano da nova Matriz na mesma direcção da velha, por ser curto.”
“Na sua elaboração (do Plano) atendeu-se à numerosa população da freguesia e à grande afluência de povos que nas festas principais vem de muitos pontos da Ilha.”
Embora já estivesse construída a igreja de São Bartolomeu, a paróquia da Matriz compreendia as zonas do Soldão às Terras e, em 1874, tinha 3.123 habitantes.
Segundo a “Memória Descritiva” em referência se escreve: “O pavimento da Igreja ficará elevado acima do pavimento da Matriz actual cerca de dois metros, condição indispensável para opor ao abrigo das águas”.
A igreja ficou com cerca de 20 metros de largura, (a nave central tem 10 metros de largura e as laterais 4 metros, e as colunas têm 0,70 de face). O comprimento é de 27,50 metros e a altura das torres de 22,20 metros. As paredes laterais têm 12,70 de altura.
A Memória a que me reporto está datada de 4 de Maio de 1895. Já então se realizava, desde 1883, a festa de Nossa Senhora de Lourdes.
A bênção e colocação da primeira pedra ocorreu em 7 de Julho de 1895. Ocorrem hoje 115 anos! Mas, acerca da Matriz e da sua trabalhosa construção, ainda há muito a dizer. Se me for permitido, lá chegarei...
Vila das Lajes
7 de Julho de 2010
Ermelindo Ávila
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