É incompreensível o que está a passar-se com a ilha do Pico.
Primeiro foi a exclusão do grupo das chamadas “Ilhas de Coesão”. Depois é a quase inexistência de empreendimentos no Plano e no Orçamento Regional para o presente ano. Para quem quiser conhecê-los eles estão na respectiva página da Internet.
Lendo esses documentos oficiais, pasma-se com a estranha atitude dos órgãos governativos. E não se explica a razão. No entanto, há ilhas notoriamente beneficiadas. E igualmente “lugares ou zonas especiais”.
Na Ilha do Pico o que há de maior relevância, a chamar a nossa a tenção, é um jardim na Vila Fronteira, naturalmente para que os vizinhos possam vir descansar e passar as horas de ócio e os naturais horas de lazer, nos bancos do reduto.
Se bem soubemos ler, na zona das Lajes apenas estão consignadas verbas para escolas. ( Talvez, melhor dito, para os projectos e aquisição dos terrenos. Estaremos enganados?) E as obras prioritárias: A continuação da defesa da Vila? Já algum técnico superior reparou no molhe construído e na deslocação dos blocos?
A instalação dos Serviços Sociais, com a restauração da casa que a Câmara adquiriu há anos e cedeu à Região para esse fim? Ou espera-se pela “concentração” que acaba de anunciar-se?
No meio da Vila, ou seja, no Centro Histórico do primeiro núcleo habitacional da Ilha é uma vergonha o que ali se passa. O arcaboiço está a ruir e só isso não se vê porque uma vegetação selvagem se assenhoreou de todo o espaço em ruínas.
As estradas foram melhoradas nos pisos mas esqueceu-se de cuidar das bermas e da respectiva sinalização.
A ilha tem excelentes locais onde poderiam ser levantados miradouros a descobrir panoramas magníficos, como seria o do Caminho Largo, na Piedade, o das Pontas Negras, o do Cabeço das Terras, eu sei lá! Há tantos locais que, em outras ilhas, já estariam sinalizados. Mas esquecemo-nos que estamos no Pico, a ilha dos infortúnios?!...
E a “casa do Estado”, como é conhecida, construída provisoriamente para arrumo das ferramentas utilizadas na muralha de Defesa, há cerca de setenta anos e que continua sem um arranjo decente, ali, na zona do Museu, uma das mais frequentadas por estranhos, apesar de lá estarem instalados serviços regionais...
E a casa de apetrechos marítimos? Não é construída junto ao porto das Lajes, que também é classificado “porto de pesca”?
E a casa da Lota? Destruíram a que existia, mandada construir pela Câmara Municipal. Tornou-se necessário proceder à demolição, para que as obras junto da muralha de defesa pudessem realizar-se. E ninguém contestou. Mas não foi substituída. Antes, colocaram um contentor (!) junto do antigo campo de jogos, para a venda de pescado. Que seria situação provisória, disseram. Afinal um “provisório” que se está tornando em definitivo. Talvez porque fica melhor a concentração, na Madalena, de mistura com “alhos e bugalhos”, como é desejado? E o caso da SATA? Não interessa resolver? Até quando, Senhores responsáveis?
Não fica por aqui o rol de carências desta vila e seu concelho. E até da ilha. Mas por outras bandas há personalidades credenciadas que estão alcandoradas em posição de saberem defender suas testadas...
Está na Assembleia Regional para discussão e aprovação, o Plano e Orçamento da Região para o corrente ano, ou melhor, para os três últimos trimestres do ano... Qual vai ser a posição dos Senhores Deputados eleitos pelo Circulo Eleitoral da Ilha do Pico? Melhor: Que poderão fazer? Aguardamos...
Talvez se espere que a administração municipal mude de côr, como se apregoa, para que então se olhe melhor para o Pico. Mas isso não se compreende. A Democracia, na sua essência e pureza doutrinais, não é o desrespeito de uns em benefício de outros. Antes, o respeito e a igualdade de todos.
“...o grande escolho de todo o regime fundado no sufrágio popular, é a tentação de substituir a autoridade imprescindível do direito, pela lei brutal do número e, cair assim, no pior dos despotismos que é o das maiorias.”(Manuel de Filosofia, de C. Lahr, pág. 623)
Não interessa agora lembrar os princípios filosóficos da Democracia. Importa, antes, que ela seja aplicada com isenção e justiça.
E é isso que falta por estes lados, voltados para o Atlântico, sem alguém que se lembre de por aqui passar e tomar nota, em seu canhenho, das carências desta Terra, para lhes dar a merecida solução.
Vila das Lajes, Março de 09
Ermelindo Ávila
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