terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O Natal era assim...

Chegado o mês de Dezembro, todos, novos e velhos, se preparam para celebrar o Natal. Pelas ruas e praças do burgo já há sinais festivos da época que está em casa. Aqui e ali, lâmpadas multicolores embelezam as fachadas dos edifícios públicos e de alguns particulares. Os pinheirinhos já se vão colocando na sala principal e adornando com flores, lâmpadas e outros adornos.

Todos se preparam para o grande Dia. Uns com maior esplendor outros com modestos adereços, já vindos de anos passados.

Hoje, dia 13, dia de Santa Luzia, como é velha tradição, na maioria das casas são colocados em pequenas taças de vidro, os grão de trigo a grelar, afim de estarem despontados e viçosos no dia do Natal. Com eles vai ser enfeitado o pequeno altar, à maneira de trono, armado com caixas e coberto de bonitas toalhas brancas ou de um simples lençol, onde será entronizada a pequena imagem do Menino, uma preciosa relíquia já vinda dos tempos dos avós.

O altar era, em tempos não muito recuados, a preocupação principal. Camélias do jardim, laranjas “americanas” do pomar, os pratinhos de trigo a recordar as antigas searas – agora usa-se o milho em sua substituição - tudo servia para tornar o pequeno trono um mimo de graça, de frescura e encanto, em louvor do Menino.

Nos anos trinta chegou dos Estados Unidos o pinheiro que hoje todos colocam nas suas casas e enfeitam com lampadas eléctricas de variegadas cores, e fitas e adereços coloridos, e, aqui e ali, pequenas imagens do novo “São Nicolau”. Mas, mesmo assim, ainda poucos são os que dispensam o antigo presépio ou altarzinho.

De recordar igualmente as Novenas do Natal, aquelas de que me lembro com alguma saudade, realizadas ao princípio da noite, quando não havia luz eléctrica a iluminar os caminhos.

As famílias – novos e velhos, vinham aos grupos, de perto e de longe, trazendo um lampião a petróleo ou vela – depois vieram os petromax - a iluminar os caminhos do percurso. A Igreja também era iluminada a petróleo.

Aquele crepúsculo dava uma certa interioridade mística, e as músicas ainda em latim, sempre iguais mas sempre belas, eram escutadas com enlevo.

E já não falo na Noite do Natal, com o templo melhor iluminado e os cânticos executados pela Capela, a despertar os mais sonolentos. Que bons , esses tempos idos!
(crónica lida no dia 13-12-08, no Programa manhã de Sábado da RDP-Açores)

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