(foto: retábulo do altar da Ermida de São Pedro, cuja imagem se encontra ao centro)
Devem ser das mais antigas da ilha, pois a sua igreja (hoje ermida) foi a primeira casa de Deus, onde se realizou o baptizado do primeiro picoense, nascido na ilha, onde teve lugar o primeiro casamento e onde se encomendou o primeiro defunto.
Foi nela que Frei Pedro Gigante celebrou a primeira Missa e consagrou as hóstias produzidas do primeiro trigo que a ilha deu. Uma história linda que até os nossos avós, quase todos desconhecendo as letra do alfabete, sabiam de cor e transmitiam a filhos e netos. Tudo por volta de 1460.
Era solene a festa do orago. Os frades do convento franciscano, enquanto D. Pedro, não extinguiu o convento de Nossa Senhora da Conceição, desta vila, por decreto de 17 de Maio de 1832,(são decorridos 176 anos), deslocavam-se à ermida de S. Pedro para solenizar os actos religiosos.
Em 1677 era mordomo da confraria de São Pedro, o Pe, Pedro Toledo. (Todos os santos de maior devoção tinham a respectiva Confraria, que arrecadava as esmolas e fazia as despesas das festas). Besse ano, a receita da confraria foi de oito mil e trinta reis. Era constituída por esmolas, rendas, um foro, do “tresmalho da rede de peixe do Barco de Francisco Lopes” e de acompanhamentos da cruz em funerais.
Nesse ano a Igreja foi restaurada. As despesas, que no livro de “Receita e Despesa” estão registadas, dizem respeito aos salários dos pedreiro, cal, telha, fretes e carretos, serragem de madeiras, canteiros, pregaduras e varões de ferro, Reformação do Santo. Pregação e Missa da Festa do Santo aos frades, despesas do junco e uma Missa perpetuo por alma de Maria da Cruz
O junco servia para atapetar o chão térreo, pois nessa época as sepulturas eram feitas dentro das próprias igrejas, por ser chão sagrado. Nesse ano o junco custou cem reis.
Pela construção do arco da capela mor, foram pagos aos pedreiros, no ano de 1780, quatro mil e oitenta reis.
Já nos finais do século dezanove, era mordomo João de Deus Macedo, comerciante e pessoa de prestígio no meio, Tanto assim que era o Provedor da Santa Casa, quase perpétuo, e Administrador do Concelho. Tinha grande emprenho nas festas que as Irmandades promoviam. Vale a pena lembrar aqui o que, acerca da Festa, escreveu neste jornal, em 7 de Novembro de 1959, Gilberto Paulino de Castro,” um dos lajenses que, apesar de estar há longos anos afastado desta vila, vivia continuamente os seus problemas e estava sempre presente em todas as iniciativas que visassem o progresso desta terra e a elas jamais furtou o seu apoio”, como estão se escrevia no jornal: Estou a ver a “malta” desse tempo, “engodada” com punhados de alfarroba que o não menos popular e típico João de Deus Macedo, nas vésperas dela (festa) apressado e trepidante, às mãos ambas, arremessava ao formigueiro do rapazio que o seguia até ao largo onde se preparava o arraial (quadrilátero compreendido entre a ‘casa da escola’, a margem Norte da Maré e muros dos quintais dos prédios Sul e Leste) enquanto aquela mocidade esfusiante, assim estimulada, despredregava febrilmente o pavimento enxurrado pelas ‘enchentes’ do último inverno, para que se não molestassem os sapatos de verniz que se ‘espelhariam’ nos vistosos arraiais da véspera e dia de festa”, aos quais não faltava o combate entre o navio e o castelo (peças de fogo de artifício).
No arraial do dia da festa, já quando abrilhantado pela Filarmónica Lajense, distribuíam-se pela assistência rosquilhas de aguardente (de pequeno formato) e na véspera havia vistosa iluminação à veneziana e fogo preso. Mas, com a entrada da República, essas tradições foram caindo no esquecimento.
Em 1940 a Nação Portuguesa celebrou o duplo centenário da Independência e Restauração de Portugal. Promoveram-se pelo País diversas comemorações. O concelho das Lajes, por iniciativa do Município, organizou um programa festivo e nele incluiu o Império de São Pedro, com a distribuição de rosquilhas idênticas às dos Impérios do Espírito Santo. Foi o início. Os lajenses, felizmente, nunca mais deixaram de celebrar a festa com o respectivo Império, Nos últimos anos a Irmandade, alem do Império, começou a distribuir um jantar “do Espírito Santo” em que tomam parte os irmãos, mais de cem, e familiares, além de diversos convidados. Algumas centenas.
Nesse ano de 1940 foi construído e inaugurado no l.º de Dezembro, o Cruzeiro da Independência e Restauração de Portugal, no novo largo, à entrada da Vila, que, felizmente, ainda hoje se conserva para prestígio dos lajenses..
E porque a festa ocorre normalmente em dia de semana – no presente ano é excepção – a Câmara Municipal solicitou superiormente para que o dia 29 de Junho fosse decretado feriado municipal, substituindo o antigo feriado que tinha lugar no dia 15 de Agosto e que, pela Concordata com a Santa Sé, passou a feriado nacional.
Creio que já estas coisas escrevi. No entanto, vale a pena recordá-las como factos históricos cuja memória importa acautelar.
Vila das Lajes,
Junho de 2008
Ermelindo Ávila
Foi nela que Frei Pedro Gigante celebrou a primeira Missa e consagrou as hóstias produzidas do primeiro trigo que a ilha deu. Uma história linda que até os nossos avós, quase todos desconhecendo as letra do alfabete, sabiam de cor e transmitiam a filhos e netos. Tudo por volta de 1460.
Era solene a festa do orago. Os frades do convento franciscano, enquanto D. Pedro, não extinguiu o convento de Nossa Senhora da Conceição, desta vila, por decreto de 17 de Maio de 1832,(são decorridos 176 anos), deslocavam-se à ermida de S. Pedro para solenizar os actos religiosos.
Em 1677 era mordomo da confraria de São Pedro, o Pe, Pedro Toledo. (Todos os santos de maior devoção tinham a respectiva Confraria, que arrecadava as esmolas e fazia as despesas das festas). Besse ano, a receita da confraria foi de oito mil e trinta reis. Era constituída por esmolas, rendas, um foro, do “tresmalho da rede de peixe do Barco de Francisco Lopes” e de acompanhamentos da cruz em funerais.
Nesse ano a Igreja foi restaurada. As despesas, que no livro de “Receita e Despesa” estão registadas, dizem respeito aos salários dos pedreiro, cal, telha, fretes e carretos, serragem de madeiras, canteiros, pregaduras e varões de ferro, Reformação do Santo. Pregação e Missa da Festa do Santo aos frades, despesas do junco e uma Missa perpetuo por alma de Maria da Cruz
O junco servia para atapetar o chão térreo, pois nessa época as sepulturas eram feitas dentro das próprias igrejas, por ser chão sagrado. Nesse ano o junco custou cem reis.
Pela construção do arco da capela mor, foram pagos aos pedreiros, no ano de 1780, quatro mil e oitenta reis.
Já nos finais do século dezanove, era mordomo João de Deus Macedo, comerciante e pessoa de prestígio no meio, Tanto assim que era o Provedor da Santa Casa, quase perpétuo, e Administrador do Concelho. Tinha grande emprenho nas festas que as Irmandades promoviam. Vale a pena lembrar aqui o que, acerca da Festa, escreveu neste jornal, em 7 de Novembro de 1959, Gilberto Paulino de Castro,” um dos lajenses que, apesar de estar há longos anos afastado desta vila, vivia continuamente os seus problemas e estava sempre presente em todas as iniciativas que visassem o progresso desta terra e a elas jamais furtou o seu apoio”, como estão se escrevia no jornal: Estou a ver a “malta” desse tempo, “engodada” com punhados de alfarroba que o não menos popular e típico João de Deus Macedo, nas vésperas dela (festa) apressado e trepidante, às mãos ambas, arremessava ao formigueiro do rapazio que o seguia até ao largo onde se preparava o arraial (quadrilátero compreendido entre a ‘casa da escola’, a margem Norte da Maré e muros dos quintais dos prédios Sul e Leste) enquanto aquela mocidade esfusiante, assim estimulada, despredregava febrilmente o pavimento enxurrado pelas ‘enchentes’ do último inverno, para que se não molestassem os sapatos de verniz que se ‘espelhariam’ nos vistosos arraiais da véspera e dia de festa”, aos quais não faltava o combate entre o navio e o castelo (peças de fogo de artifício).
No arraial do dia da festa, já quando abrilhantado pela Filarmónica Lajense, distribuíam-se pela assistência rosquilhas de aguardente (de pequeno formato) e na véspera havia vistosa iluminação à veneziana e fogo preso. Mas, com a entrada da República, essas tradições foram caindo no esquecimento.
Em 1940 a Nação Portuguesa celebrou o duplo centenário da Independência e Restauração de Portugal. Promoveram-se pelo País diversas comemorações. O concelho das Lajes, por iniciativa do Município, organizou um programa festivo e nele incluiu o Império de São Pedro, com a distribuição de rosquilhas idênticas às dos Impérios do Espírito Santo. Foi o início. Os lajenses, felizmente, nunca mais deixaram de celebrar a festa com o respectivo Império, Nos últimos anos a Irmandade, alem do Império, começou a distribuir um jantar “do Espírito Santo” em que tomam parte os irmãos, mais de cem, e familiares, além de diversos convidados. Algumas centenas.
Nesse ano de 1940 foi construído e inaugurado no l.º de Dezembro, o Cruzeiro da Independência e Restauração de Portugal, no novo largo, à entrada da Vila, que, felizmente, ainda hoje se conserva para prestígio dos lajenses..
E porque a festa ocorre normalmente em dia de semana – no presente ano é excepção – a Câmara Municipal solicitou superiormente para que o dia 29 de Junho fosse decretado feriado municipal, substituindo o antigo feriado que tinha lugar no dia 15 de Agosto e que, pela Concordata com a Santa Sé, passou a feriado nacional.
Creio que já estas coisas escrevi. No entanto, vale a pena recordá-las como factos históricos cuja memória importa acautelar.
Vila das Lajes,
Junho de 2008
Ermelindo Ávila
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