sábado, 5 de abril de 2008

MODERNISMOS...

Estão chegados os novos tempos. Até as horas do relógio já se adiantaram. Tudo vai mudando. As pessoas, o seu trajar, as suas vivências. O mundo que as rodeia.
Todas têm receio dos novos tempos que se aproximam. Mas, afinal, o que é que muda? Os lugares, as paisagens, os campos e as suas produções hortícolas e as sementeiras; o sol que ilumina e aquece, a lua que quebra a escuridão da noite, o mar e os peixes que nele habitam, as aves que enxameiam os parques e os jardins e aproveitam as copas das árvores para nelas instalarem seus ninhos; enfim, todo o mundo habitado pelo ser humano, o próprio homem que, utilizando a inteligência com que foi dotado, procura alterar, dia a dia, os sistemas que estão à sua disposição ?!
Os homens mudam a cada momento que passa. Aceitam de bom grado as pesquisas, as invenções, as descobertas científicas e os novos sistemas de actuação cultural e social. Desprezam, quase sempre, o passado e enveredam por novas vias nem sempre as mais seguras para os levar a um futuro promissor.
A pratica da moral toma novos contornos e tudo se aceita como inovação das ciências.
Os tradicionais, chamados “bons costumes”, são esquecidos ou mesmo desprezados.
A maneira de trajar modifica-se. O vestuário toma novas formas e, das antigas saias caídas até aos tornozelos, passaram as mulheres a usar as mini-saias e saias fingidas, à descoberta do umbigo e, agora, aos próprios seios…Uma modernice que se me afigura sinal de devassidão e despudor.
Os homens ainda mantém as calças e as camisas porque, naturalmente, não lhes será cómodo imitar os ocupantes das selvas africanas e amazónicas. Mas, mesmo assim, substituíram os tradicionais fatos de bom tecido pelas calças de ganga, trajes que, antigamente, só se utilizavam nas fábricas e oficinas e nos trabalhos dos campos. Então, que apreciados eram os “alvaroses”( over all) e as calças de “angrin”, vindos dos E.U. E quanto mais velhos e coçados, mais “elegantes” se tornam para se apresentarem em qualquer acto público. Mais vulgar é agora o abandono da gravata, que passou a “moda elegante”, para acompanhar o progresso. Tudo uma maneira nova de renovar os hábitos clássicos, que, para muitos, se tornaram antiquados e bafientos.
Afinal, um retrocesso que exterioriza o desprezo de alguns por normas e sistemas de sóbrio mas elegante viver.
Estou a ver que algum leitor me vai alcunhar de atrasado, de velho do Restelo. Esquecem-se que a evolução das modas, dos sistemas devem ser feitos cautelosamente, sem apresentarem inovações gritantes e provocantes, num conflito desordenado com um passado recente, digno e respeitável.
Nunca me furtei à evolução das artes, das ciências e dos hábitos e costumes. Antes, sempre os aproveitei, com ordem e tranquilidade, evitando que chocassem e desprezassem a maneira antiga de viver. Tudo tem seu peso e medida. Não desejo voltar aos trajes dos antigos reis e cortesões que, vestindo cedas e brocados, nada cuidavam da higiene corporal. Mas o trajar decente, cómodo e elegante não deve ser desprezado.
E, falando do trajar corporal, recordo os hábitos e costumes que até há bem pouco tempo se praticavam e que hoje são simplesmente esquecidos.
A prática religiosa, está a ser abandonada para dar lugar a um viver mórbido e sensual. Desfazem-se as famílias, abandonam-se os filhos. O que era escândalo passou a ser normal. O crime anda constantemente na rua. Os tribunais enchem-se de processos que, à falta de pessoal, dizem, se vão amontoando nas prateleiras, sem que na rua haja quem evite tanta desordem, tantas arruaças, tantas agressões, tantos assaltos e roubos…
Mas, se as leis ignoram hoje actos de vandalismo, de práticas desonestas, de sensualismo e de atitudes imorais que antes constituíam crimes…
Desapareceu a vergonha e banalizou-se a moral. Qual será o futuro da humanidade?
É caso para se dizer e escrever: Deus super omnia!

Vil das Lajes,
30 de Março de 2008
Ermelindo Ávila

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