A MINHA NOTA
Desde
o século XVII que em Portugal se cultiva o jornalismo. E já não refiro Gutenberg,
o inventor da tipografia.
Inicialmente eram as folhas
clandestinas, imprensas ou manuscritas, que circulavam entre as classes mais
destacadas. Depois, generalizou-se e veio a surgir o grande jornalismo.
Nas terras pequenas foram aparecendo os
pequenos jornais, onde, ao lado das grandes notícias ou das questões políticas que
sempre as houve, eram publicadas as notícias de mero interesse social:
nascimentos, casamentos, falecimentos... E não faltava a propaganda comercial
de certos produtos.
Desde 1942 que os jornais e as folhas
soltas foram objecto da “censura”oficial, para evitar que a acção governativa
fosse criticada...
Os Açores não fugiram ao aparecimento
do jornalismo. Presentemente tem orgulho de possuir o mais antigo jornal
português – o “Açoriano Oriental”.
Embora haja passado por diversas vicissitudes, conseguiu singrar estes anos
todos e hoje continua a ser um dos mais destacados órgãos da Imprensa açoriana
e portuguesa.
Por
cá, mantém-se ainda o centenário ”Diário dos Açores”, e os semanários “A
Crença”, já com cem anos e “O Dever”, a atingi-los em poucos meses.
Infelizmente, desapareceram, na Horta o diário “O Telégrafo”
e em Angra o diário “A União”. Nas colecções arquivadas nas Bibliotecas
encontra-se a história do século passado, destas ilhas, principalmente dos
distritos da Horta e de Angra.
A Ilha do Pico nunca publicou um jornal
diário. Foram vários os que surgiram, desde o século XIX, nos três concelhos da
Ilha mas quase todos de vida efémera e alguns deles criados e mantidos pela
política partidária, o que explica a sua escassa existência. Mas outros houve
de boa qualidade literária, como sejam “A Voz”e “Os Sinos da Aldeia”, do
saudoso Mestre da Cultura, Padre Nunes da Rosa. O mais recente, embora com a
categoria de boletim paroquial, foi “0 Bom Combate” fundado e mantido pelo P. José
Fortuna, enquanto Vigário e Ouvidor da Vila da Madalena. E não deve esquecer-se
o mensário “Ecos do Santuário” do P. Filipe Madruga, enquanto Pároco e Reitor
do Santuário do Bom Jesus, em S. Mateus, onde colaboraram personalidades
distintas do clero e onde a vida paroquial e social daquela freguesia picoense,
e não só, está devidamente registada.
Hoje a imprensa picoense tem certa
estabilidade, pois, ao contrário do que se possa julgar e em certa medida
aceitar, existe à margem dos Partidos. E felizmente que assim acontece.
Além de “O Dever”, já referido, conta
ainda com os semanários “ilha maior”, a atingir os trinta anos e “Jornal do
Pico”, publicado em São Roque do Pico, há quase catorze anos.
Os jornais do Pico, ao que creio, não estão enfeudados
à política, propriamente dita. Pertencem a grupos locais e procuram ser
defensores dos direitos e das reivindicações dos respectivos territórios. E
ainda bem que assim procedem.
O “Jornal do
Pico”, onde são publicados alguns dos meus escritos, desde a sua fundação,
já lá vão doze anos, tem procurado ser, com dignidade e persistentemente, o defensor
dos interesses do seu concelho, Louvores merece, por assim continuar a olhar
com dignidade para sua terra e suas gentes, sem deixar de trazer ao de cima,
sempre que oportuno, os interesses picoenses em geral.
Lajes
do Pico.
18 – Outº-
2016
Ermelindo
Ávila
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