domingo, 20 de novembro de 2016

O JORNALISMO

A MINHA NOTA

       Desde o século XVII que em Portugal se cultiva o jornalismo. E já não refiro Gutenberg, o inventor da tipografia.
         Inicialmente eram as folhas clandestinas, imprensas ou manuscritas, que circulavam entre as classes mais destacadas. Depois, generalizou-se e veio a surgir o grande jornalismo.
         Nas terras pequenas foram aparecendo os pequenos jornais, onde, ao lado das grandes notícias ou das questões políticas que sempre as houve, eram publicadas as notícias de mero interesse social: nascimentos, casamentos, falecimentos... E não faltava a propaganda comercial de certos produtos.
         Desde 1942 que os jornais e as folhas soltas foram objecto da “censura”oficial, para evitar que a acção governativa fosse criticada...
         Os Açores não fugiram ao aparecimento do jornalismo. Presentemente tem orgulho de possuir o mais antigo jornal português – o “Açoriano Oriental”. Embora haja passado por diversas vicissitudes, conseguiu singrar estes anos todos e hoje continua a ser um dos mais destacados órgãos da Imprensa açoriana e portuguesa.
          Por cá, mantém-se ainda o centenário ”Diário dos Açores”, e os semanários “A Crença”, já com cem anos e “O Dever”, a atingi-los em poucos meses.
Infelizmente, desapareceram, na Horta o diário “O Telégrafo” e em Angra o diário “A União”. Nas colecções arquivadas nas Bibliotecas encontra-se a história do século passado, destas ilhas, principalmente dos distritos da Horta e de Angra.
         A Ilha do Pico nunca publicou um jornal diário. Foram vários os que surgiram, desde o século XIX, nos três concelhos da Ilha mas quase todos de vida efémera e alguns deles criados e mantidos pela política partidária, o que explica a sua escassa existência. Mas outros houve de boa qualidade literária, como sejam “A Voz”e “Os Sinos da Aldeia”, do saudoso Mestre da Cultura, Padre Nunes da Rosa. O mais recente, embora com a categoria de boletim paroquial, foi “0 Bom Combate” fundado e mantido pelo P. José Fortuna, enquanto Vigário e Ouvidor da Vila da Madalena. E não deve esquecer-se o mensário “Ecos do Santuário” do P. Filipe Madruga, enquanto Pároco e Reitor do Santuário do Bom Jesus, em S. Mateus, onde colaboraram personalidades distintas do clero e onde a vida paroquial e social daquela freguesia picoense, e não só, está devidamente registada.
         Hoje a imprensa picoense tem certa estabilidade, pois, ao contrário do que se possa julgar e em certa medida aceitar, existe à margem dos Partidos. E felizmente que assim acontece.
         Além de “O Dever”, já referido, conta ainda com os semanários “ilha maior”, a atingir os trinta anos e “Jornal do Pico”, publicado em São Roque do Pico, há quase catorze anos.
Os jornais do Pico, ao que creio, não estão enfeudados à política, propriamente dita. Pertencem a grupos locais e procuram ser defensores dos direitos e das reivindicações dos respectivos territórios. E ainda bem que assim procedem.
O “Jornal do Pico”, onde são publicados alguns dos meus escritos, desde a sua fundação, já lá vão doze anos, tem procurado ser, com dignidade e persistentemente, o defensor dos interesses do seu concelho, Louvores merece, por assim continuar a olhar com dignidade para sua terra e suas gentes, sem deixar de trazer ao de cima, sempre que oportuno, os interesses picoenses em geral.

Lajes do Pico.
 18 – Outº-  2016

Ermelindo Ávila

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