quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Memórias da baleação

NOTAS DO MEU CANTINHO

Estão quase desaparecidos os velhos e audaciosos baleeiros que outrora tanto prestigiaram e engrandeceram esta terra. Eles andaram por toda a parte onde se estabeleceu a indústria da baleação, e agora estão esquecidos. Recordo alguns, pois de todos não é possível lembrar seus nomes: Francisco Alves, (Pé-Leve), e António Joaquim Madruga, no Cais do Pico; José Silveira Machado (Gatinho), em São Mateus do Pico; José Martiniano (Caramujo), em Santa Cruz das Flores; Manuel Carvão, na Graciosa e depois na Madeira; Manuel Moniz Barreto, na Bretanha, S. Miguel, e outros estiveram na Terceira e Santa Maria. Até em Setúbal esteve o Manuel Machadinho e o António Flores.
Restam o Museu dos Baleeiros, aqui e noutras terras, onde se praticou a actividade e algumas das elegantes baleeiras que um dia o Mestre Experiente criou, sem esquecer as regatas das antigas canoas baleeiras que vão fazendo parte dos programas das semanas festivas de diversas localidades.
Esquece-se, porém, o que representou a actividade baleeira em algumas das Ilhas e o seu importante contributo para a economia do arquipélago. Como não pode deixar de ter-se em consideração a actividade da observação de baleias - o Whale Watching -, muito embora se não a tenha em consideração, como devia, os graves prejuízos que causa às costas e aos bancos ou “marcas” de pesca local, onde esses cetáceos se vêm alimentar e absorvem toneladas de chicharros, cavalas, bonitos e outras espécies. E são os pescadores e os consumidores que estão a sofrer a falta de pexe de consumo, que se vem notando. Um alimento indispensável à subsistência dos povos e que hoje mal aparece, depois do seu comércio estar controlado por um organismo que fica à distância.
É só lembrar que o peixe pescado no porto das Lajes tem de ir à Lota, e para voltar ao posto de vendas das Lajes percorre a mínima distância de setenta quilómetros…Além disso, o pescado atingiu, com todas essas voltas, preços exorbitantes, impossíveis de serem suportados por muitas bolsas
.É tempo de serem reconsideradas todas as medidas tomadas anteriormente e, são causa permanente de todos esses atropelos prejudiciais às economias da maioria das famílias açorianas.
Deixo o momentoso problema à esclarecida consideração das entidades competentes.
A maioria do espólio baleeiro, principalmente as canoas, foram distribuídas pelos clubes navais e até por algumas juntas de Freguesia da Região, depois de adquirido pelo. Governo Regional.
Andam por aí as belas embarcações em competições desportivas, integradas nas festividades principais de cidades, vilas e freguesias.
Realmente faz gosto vê-las, em números por vezes elevados, a competir umas com as outras a ver quem chega primeiro à meta.
A febre já chegou a New Bedford, nos Estados Unidos, outrora o principal centro baleeiro do mundo, donde os picoenses trouxeram a indústria que, durante mais de um século, disse-se e repete-se, tanto valorizou a nossa economia e onde se realizam as regatas com as notáveis canoas, algumas delas recentemente construídas.
Engrade, 9 de Setembro de 2016

Ermelindo Ávila

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