A MINHA NOTA
A
ilha do Pico está em festa. Uma festa contínua que se iniciou na
Madalena, passa por São Mateus, “salta” a São Roque e termina
na Lajes. Sem referirmos as que se realizam no mês de Setembro em
diversas freguesias, a começar pela de Nossa Senhora da Piedade.
Em
anos passados a festa principal da Ilha era a do Bom Jesus, em São
Mateus. É isso que nos diz o Bispo Dom João Paulino, numa série de
artigos publicados no “Peregrino de Lourdes”, de Angra, em 1889.
E começa o primeiro, referindo-se à origem da Festa de Lourdes:
Em
1881 no mês de Agosto passava pela freguesia de S. Mateus da ilha do
Pico, por ocasião da festa que anualmente ali se celebra no dia 6 em
honra do Bom Jesus um sacerdote da vila das Lajes da mesma ilha. Viu
e admirou o entusiasmo religioso da imensa multidão de fiéis que de
todos os pontos da ilha e de fora dela ali haviam concorrido
impelidos pela devoção à imagem do Senhor Ecce
Homo
que sob
aquela invocação se venera na igreja da freguesia. E,
depois, acrescenta: Há
trinta anos ainda não havia ali a imagem do Senhor que dela é
objecto.
E
é o mesmo articulista que escreve:
Numa
das primeiras entrevistas que teve com o seu inolvidável amigo o
Padre António Ribeiro Homem da Costa, ouvidor das Lajes e vigário
da matriz daquela vila, propôs-lhe o seu pensamento, (...) o Padre
Ribeiro, longe de oferecer a menor hesitação imediatamente acolheu
o pensamento do seu amigo apenas este lho comunicou. – O
estabelecimento do culto de Nossa Senhora de Lourdes na vila das
Lajes era da máxima oportunidade.
E realmente foi o aconteceu. As primeiras festas realizaram-se em
Setembro de 1883, pela chegada tardia da Imagem. (...) Festa
de tamanho luzimento jamais fora vista dentro dos muros daquele
templo.
Desde
1884, porém, a festa tem lugar no último domingo de Agosto.
E já são decorridos cento e trinta e um anos.
A
Madalena celebra (já celebrou no ano corrente) a sua festa principal
no dia 22 de Julho, dia liturgicamente designado para a comemoração
da Padroeira, Santa Maria Madalena. A festa religiosa sempre se
celebrou com grande esplendor litúrgico. Os festejos externos são
de realização mais recente. Por volta de 1965 a festa foi
notoriamente solene e bastante concorrida. O Município havia
conseguido que o feriado municipal se celebrasse no dia da Padroeira.
A vila foi engalanada a preceito e uma feérica iluminação
eléctrica cobriu a parte central do burgo. Para isso veio de Angra
o técnico electricista Fausto. E assim tem continuado, felizmente.
São
Roque, porque houve mudança inadvertida e prejudicial da sede do
Município, passando de S. Roque para o antigo convento franciscano,
extinto por decreto de D. Pedro em 1823, deixou de interessar-se um
pouco pela festa do Padroeiro. E tanto assim que, actualmente, os
festejos principais são aqueles que se realizam no Cais do Pico e se
designam por “CaisAgosto”.
Uma
festa assinalável e que decorreu com brilho foi a que se realizou em
16 de Agosto de 1940, integrada nas comemorações do Duplo
Centenário da Independência e Restauração de Portugal. Na
ocasião, com a presença do Governador do Distrito e outras
autoridades distritais, foi inaugurada nas imediações do porto do
Cais do Pico a estátua do Rei Dom Dinis, que lá se encontra. Depois
seguiu-se a solenidade religiosa na Matriz de São Roque, na qual
foi orador o Ouvidor das Lajes, P. José Vieira Soares. Uma festa
realmente brilhante e bastante concorrida.
Hoje
São Roque continua a celebrar a festa do Padroeiro na sua igreja
Matriz, a mais antiga da ilha e que ainda conserva a Capela mor
oferecida, aquando da construção do templo, pelo Rei Dom João V.
Uma relíquia que muito valoriza aquele templo e que merece ser
acautelada com todo o carinho.
E,
a propósito das festas de S. Roque, escreveu o saudoso P. José
Idalmiro (Património
Religioso –
Concelho de S. Roque do Pico, pág.3): Em tempos
não muito remotos assumiu a festa do Padroeiro que também o é do
Concelho, esplendor assinalável. – Balões à veneziana
emolduravam espectáculo atraente a iluminar o adro e a rua
adjacente. Nesta, o célebre fogo de artifício que Tomé Mamede
armava na sua oficina do Cais, era forte motivo de atracão dado o
ineditismo do facto.”
E
as Festas continuam. São indispensáveis para, na parte religiosa,
afervorar a fé dos crentes, e na parte externa, pelo convívio ameno
que proporciona a quantos nela tomam parte.
Não
é possível, neste simples arrazoado, mais dizer.
Lajes
do Pico,
24
de Julho de 2015
Ermelindo
Ávila
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