NOTAS DO MEU
CANTINHO
29 de Junho
é o dia litúrgico de S. Pedro, o primeiro Papa da igreja Católica.
Nesse dia, por uma velha tradição que, no entanto, havia–se
perdido e que, em 1940, o ano do Duplo Centenário da Restauração e
Independência de Portugal, foi restaurado e sempre tem continuado,
setenta e quatro anos são decorridos.
Acerca
desta igreja, a primeira da ilha e que, felizmente, se conserva na
sua traça antiga, escreve Frei Diogo das Chagas:
Já
temos dito o como se começou a povoar, e por onde, agora havemos de
estar, em que a principal e primeira povoação foi a Vila das Lajes,
que fica na parte Sul ao pé de uma serra que a cerca pela banda do
Norte, a modo de meia lua, em uma planície que ao longo do mar faz
rio razo (...) e muitos anos não teve esta ilha outra freguesia mais
que esta, e de todas as partes aonde moravam os povoadores vinham a
ela, que foi uma pequena igreja do apostolo San Pedro (que hoje é
ermida) sua paróquia que fica a um cabo da vila, a Nordeste da
barra, e porto dela, pegado a um braço do mar , que ai entra, e faz
rio morto...
Verifica-se
que o único porto da vila era a Barra, na enseada do Castelete, por
onde entrou o primeiro povoador, Fernão Alvares Evangelho.
A ermida
ainda hoje se mantém com a mesma traça, embora por volta de 16????.
houvesse recebido algumas beneficiações.
Mas
continua o autor do “Espelho Cristalino”: (...) a
qual (ermida) por ser pequena trataram de fazer outra em o meio da
Vila, como de facto fizeram, no lugar que agora está 1646 ?), do
Orago da Santíssima Trindade, para cujo efeito lançaram finta em
todos os moradores da Ilha, e nas fazendas dos Ausentes, conforme
cada um tinha de Cabedal.
Os
moradores somaram 45 e a finta ou colecta rendeu 28 011 reis. O
maior contribuinte foi Fernando Alvares que possuía 450 mil reis de
fazenda e foi colectado em 6.216 reis de taxa. Outros dois de maior
fazenda foram Pedro Alvarez, Diogo Alvarez e Jorge Alvarez,
residentes na Almagreira e, possivelmente, filhos do povoador.
Afinal, na Almagreira residiam cinco contribuintes. O contribuinte de
menor taxa foi o criado do Vigário, que contribuiu com vinte reis.
Entre os
quarenta e cinco colectados encontra-se um sapateiro, um carpinteiro,
um alfaiate, um pedreiro, um tecelão e um caiador. Faziam parte dos
contribuintes, duas mulheres, uma viúva e uma casada.
“Neste
mesmo ano de 1506 fizeram uma postura em Câmara, em que assentaram
que era bem, que trouxessem um ferreiro para a terra, por não haver
ainda na ilha nenhum oficial deste oficio...” Com
um carpinteiro, pedreiro e ferreiro, ficavam aptos a iniciar a
construção da nova igreja. E assim aconteceu.
No dizer do
Governador Santa Rita, era uma igreja com 19 metros de cumprimento
até à capela - mor, e 10,3 de largura. A capela – mor tinha 13
metros de comprimento e 5,3 de largura.
A igreja e
a freguesia tinha como titular a Santíssima Trindade, denominação
que ainda conserva.
No
citado Relatório diz Santa Rita: “Acha-se
por tal forma arruinada que se torna indispensável a construção de
um novo templo. Por esse motivo entendi conveniente nomear uma
comissão especial que tratasse de indicar o local onde deve ser
edificada a nova igreja, bem como os meios possíveis de obter para
essa obra.”
Por
alvará de 29 de Agosto de 1867 do Governador Santa Rita foi nomeada
uma comissão para tratar da reedificação da igreja matriz.
O
Bispo diocesano D. João Maria, que aqui esteve em 1875, no relatório
que exarou no livro das Visitas Pastorais, com data de 11 de
Fevereiro daquele ano, escreve; “...ficamos
magoados por ver uma Vila tão antiga, nobre e piedosa que tem uma
Igreja Matriz insuficiente para conter o numeroso povo da freguesia e
tão velha que não é susceptível de aumento...”
A
Comissão nomeada pelo Governador tentou encontrar local para a
edificação da nova Matriz. Pensou mesmo nos terrenos que existiam
em frente da rua nova, onde existia a antiga e demolida ermida dos
Remédios, mas optou por construi-la no local da velha matriz, muito
embora com a fachada principal voltada a norte, quando a anterior
igreja era voltada a leste.
O
projecto é da autoria do Padre Ouvidor Francisco Xavier de Azevedo e
Castro e a execução da obra foi dirigida pelo Vigário Manuel José
Lopes.
A
primeira pedra foi colocada e benzida em 7 de Julho de 1895 e a
inauguração só veio a acontecer setenta anos depois!...
A
obra foi suspensa, com a implantação da República, e recomeçou em
1954. O projecto foi actualizado pelo Engenheiro Manuel Costa, e uma
comissão dos bens cultuais, tendo à frente o P. António Cardoso, a
concluiu e inaugurou em 1967.
Vila das
Lajes,
Junho de
2014
Ermelindo
Ávila
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