A Igreja Católica
celebra, no dia 25 de Novembro, a festa de Santa Catarina de
Alexandria.
Pouco se sabe da
data do nascimento desta Virgem e Mártir. Apenas que está sepultada
no monte Sinai. Nasceu e viveu no século IV da era cristã, na
cidade de Alexandria, no Egipto, quando era imperador Maximino, ou
Maximino II, que foi imperador romano entre 308 e 313. Feroz
perseguidor do cristianismo, foi combatido por Licínio e desapareceu
em Tarso.
Consta que Catarina,
pertencia à alta sociedade, era muito inteligente, tinha um rosto de
muita beleza e uma alma santa, e que, pela arte da retórica venceu
os cinquenta melhores filósofos do Império de Maximino que este lhe
enviara para a demover da sua fé. Porque Catarina não se deixou
vencer e discutiu com Maximino pondo a descoberto a falsidade dos
ídolos que aquele adorava, o terrível imperador não lhe tolerou a
afronta e mandou-a descarnar viva numa roda de navalhas.
A devoção a Santa
Catarina, para uns padroeira dos filósofos, para outros protectora
do juízo de cada indivíduo, é muito antiga, por aqui.
Há uma lenda, que
corre neste lado Sul do Pico, e que está recolhida pela Dra. Angela
Furtado Brum, no seu livro Açores, Lendas e
Outras Histórias, na qual se diz que S.
Catarina aparecia amiudadas vezes na Ponta do Mistério – hoje
conhecida realmente por Ponta de S.ta Catarina – e que era trazida
para a Igreja Matriz das Lajes, quando alguém encontrava a Imagem.
Mas acontecia que, no dia seguinte, a imagem voltava ao seu local
preferido na Ponta do Mistério. E tantas vezes isso aconteceu que
resolveram construir a ermida que se encontra no chamado “Monte de
Santa Catarina”, desta vila. Todavia, foi necessário que se
abrisse uma pequena janela, junto ao altar onde se colocava a Imagem,
para que, dali se pudesse ver a Ponta situada no Mistério. O certo é
que a imagem não mais voltou a sair da sua ermida. Isto diz a lenda.
A ermida tem
bastantes séculos de existência.
No livro da “Arca
das três chaves” da Matriz das Lajes, encontra-se exarada, com
data de 13 de Agosto de 1744, a sentença do Bispo de Angra, D. Frei
Valério do Sacramento (que governou a Diocese entre 1738 e 1757), na
qual estão mencionadas as confrarias da paróquia, e os saldos das
respectivas contas. A confraria de Santa Catarina acusou 11$320. Na
paróquia existiam as confrarias do Santíssimo Sacramento, do
Rosário, do Senhor Jesus, de Santa Rita, das Almas, de S. Caetano,
de S. Sebastião, de Santa Catarina, de S. Pedro, e dos Remédios. As
últimas quatro pertenciam às ermidas existentes tendo já
desaparecido a dos Remédios, que ficava situada no centro da Vila,
no local onde hoje é a biblioteca e o auditório municipais.
Mais recentemente, o
Governador Santa Rita, no seu relatório de 23 de Dezembro de 1864,
refere que a ermida de Santa Catarina tinha um património de 1$585.
Silveira de Macedo,
(História das Quatro Ilhas,
Vol. III) ao descrever as ermidas da Paróquia, refere que
“existem porém (...) e a ermida de Santa Catarina situada numa
vistosa colina...”
A ermida passou,
litigiosamente, a mãos particulares, o que deu origem a um processo
judicial, todavia, com o falecimento do último proprietário dos
terrenos, voltou à posse e administração da Igreja. De realçar
que nunca deixou de estar aberta ao culto e ser centro de grande
devoção.
A antiga imagem de
Santa Catarina foi, há muitos anos, substituída pela actual e
consta que vendida a um antiquário, em Lisboa.
Recordo que, no dia
de festa, o antigo “proprietário” embandeirava, exteriormente, a
ermida e adro, e, na véspera, ao anoitecer, iluminava a escadaria,
que dá acesso à ermida, com rocas de pinho, o que, realmente, dava
à colina um aspecto festivo.
Vila das Lajes do Pico,
16 de Novembro de 2013
Ermelindo Ávila
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