segunda-feira, 9 de setembro de 2013

RECORDANDO...

A MINHA NOTA

Até meados do século passado os hábitos e costumes das nossas gentes eram totalmente diferentes daqueles que hoje nos é dado viver.
O conflito internacional que assolou a Europa e, por acréscimo, o Mundo, modificou totalmente a vivência das pessoas, transformando a própria e ancestral civilização.
É certo que não podemos voltar atrás. A evolução social não o aconselha nem permite. Mas importa que se tomem medidas acertadas para que os povos possam, novamente, usufruir de bem estar e paz, indispensáveis ao seu desenvolvimento e ao progresso das suas iniciativas e actividades.
Hoje, os processos de trabalho são diferentes. A máquina substitui, em muitos casos, o braço humano. E daí resulta, inevitavelmente, o desemprego, o maior flagelo da actualidade, agudizado com o aumento de braços, de ambos os sexos, quando antigamente eram apenas os homens que trabalhavam fora de portas em profissões várias, pois às mulheres só era permitido desempenharem as funções de professoras e além das funções de doméstica que praticamente quase se extinguiram... Algumas delas, depois dos trabalhos domésticos, - cozinha, lavagem de roupas, costura e outras mais – acompanhavam nos campos os familiares, ajudando-os no amanho das terras. Hoje, isso não acontece. Bem?... Mal?...
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Raro era o verão em que os pescadores locais não demandavam outros ilhas, em cujos mares existiam “marcas” ou “bancos” de peixe. No verão acontecia por vezes os barcos de pesca, aos quais se acrescentavam “bordas falsas” para melhor arrumo das bagagens, irem para os portos de S. Jorge e por vezes para os Biscoitos da Terceira, à pesca de fundo.
Acontecia também navegarem até aos bancos Princesa Alice e/ou D. João de Castro, levados por um barco motorizado, pois em qualquer deles faziam grandes pescas de “peixe de fundo”.
Um ano houve em que os pescadores locais resolveram ir até ao “Princesa Alice”, no iate “São João Baptista”, rebocado pela canhoneira “Açor”, que estacionava, normalmente, no porto da Horta. A viagem fez-se regular e quando se encontravam no auge da pescaria, um dos presentes chamou a atenção dos companheiros para abandonarem a faina e regressarem a terra, imediatamente. Os outros, apesar de serem marinheiros experimentados, não aceitaram a recomendação e continuaram a pesca. Mas eis que, senão quando, o mar principiou a agitar-se e quando saíram do banco já a tempestade se aproximava. Conseguiram, porém, chegar à costa do Faial e aí abrigar-se até ao dia seguinte, em que, com o mar mais calmo, regressaram ao porto. Da tripulação faziam parte, entre outros, António Vieira Soares (Boga), Manuel Vieira Soares, António Joaquim Madruga, todos eles, além de pescadores, hábeis baleeiros e António d´Ávila, meu avô paterno, dono e mestre dum batel de pesca.
Mesmo assim evitou-se mais uma tragédia marítima, de tantas que hão acontecido.

Lajes do Pico,
1 de Setembro de 2013.

Ermelindo Ávila

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