quinta-feira, 29 de outubro de 2009

BIBLIOTECAS

Estão a terminar, no corrente ano, as visitas às Baleias. Não sei quantos foram os visitantes, pois não tive oportunidade de investigar junto dos respectivos armadores, se isso permitissem, quantos foram aqueles que, aproveitando a frota local, foram junto dos cetáceos que abundam na baía das Lajes. Mas, a julgar pelo movimento diário que se observava no porto das Lajes do Pico, devem ter atingido alguns milhares.

É uma nova modalidade de turismo que está a valorizar esta terra, há cerca de duas dezenas de anos. Aliás um turismo com força cultural e que vem reforçar o ambiente que se vive desde há muito por esta ilha picoense.

E já agora convém recordar: A Vila das Lajes possui alguns estabelecimentos de leitura importantes pelo seu recheio e pelo número de obras que neles se consultam.

E principiemos pela Escola Secundária cuja biblioteca já atingiu cerca de 6.700 exemplares.

O Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, possui uma biblioteca especializada com algumas centenas de exemplares de obras clássicas, nacionais e estrangeiras.

A Biblioteca Municipal é bastante antiga e conta com cerca de 10 mil volumes. Mas tem uma história que vale a pena recordar.

Entre 1874 e 1879 andou por Coimbra a estudar Teologia aquele que , depois, seria Bisco de Macau, Dom João Paulino de Azevedo e Castro. Durante esses anos conseguiu recolher, nos alfarrabistas, algumas centenas de livros que enviou para a Vila das Lajes, sua terra natal, ao irmão Manuel Joaquim de Azevedo e Castro. Este, amante da leitura, havia solicitado a alguns cavalheiros a sua colaboração no sentido de fundar um Gabinete de Leitura. E foi para este gabinete que o irmão João enviou os “centos de livros” que havia recolhido. A Câmara Municipal de então concedeu ao Gabinete o subsídio de 18$000.

O Gabinete funcionou com regularidade durante vários anos até que, em 28 de Outubro de 1895, foi fundado o “Grémio Literário Lajense”, instituição de recreio, para o qual transitou o espólio do Gabinete. (Por exigências legais da Ditadura, o Grémio teve de alterar a denominação para Sociedade Literária e Recreativa Lajense, já nos anos quarenta do século 20.

A biblioteca do Grémio foi passando de instituição para instituição, chegando a nossos dias já bastante diminuída. Essa circunstância levou um pequeno grupo de jovens lajenses, na década de trinta, a fundar a Biblioteca Popular Lajense que, para garantia da sua existência viria a ser entregue, nos princípios dos anos quarenta, à Câmara Municipal das Lajes do Pico.

Actualmente denomina-se Biblioteca Municipal Dias de Melo em homenagem ao escritor picoense, recentemente falecido. Possui uma existência superior a dez mil exemplares. Dela faz parte uma biblioteca infantil, muito frequentada.

Em formação e contando já algumas centenas de exemplares existem os núcleos do Posto de Turismo Municipal, ao Castelo, e o Centro de Ciências do Mar, na antiga SIBIL.

Além das indicadas, encontram-se na vila das Lajes algumas pequenas bibliotecas particulares que acrescentam uma nota de verdadeira cultura ao velho e secular burgo.

Na Madalena, existe uma Biblioteca Municipal, fundada com os restos da biblioteca do escritor Nunes da Rosa, mas agora bastante enriquecida com mais de 15.000 volumes da biblioteca particular do falecido Dr. Lopes Correia e que o Filho, num gesto altruísta, acaba de doar ao Município da sua terra. Fica assim a Vila da Madalena a possuir uma das maiores bibliotecas picoenses.

Em S. Roque do Pico um grupo de cavalheiros, tendo à cabeça o notável João Bento de Lima, criou o Gabinete de Leitura Marques de Pombal, inaugurado em 8 de Maio de 1882.

A nossos dias pouco ou nada chegou da antiga biblioteca. No final do século XX, a Família do malogrado Poeta Almeida Firmino entendeu entregar à Câmara Municipal de São Roque a biblioteca do Poeta. Hoje a instituição possui mais de 3.600 volumes e está devidamente instalada, em edifício próprio.

Afinal um ambiente cultural que importa perseverar com cuidado e esmero pois só valoriza e em muitos aspectos a terra picoense.

Vila das Lajes, 24/Set./2009

Ermelindo Ávila

1 comentário:

Paula disse...

Avô, já tinha saudades de o ler.
Beijos