Entrámos há poucos dias no novo ano e o mês de Janeiro, que é o primeiro, já vai correndo a mais de meio. É assim todos os anos mas parece que não nos conformamos com este rodar constante do tempo.
E é destarte que os anos vão decorrendo e aqueles que ontem nasceram amanhã serão os velhos desta geração. Todavia nem todos se apercebem desta realidade que não deixa de ser amarga para muitos, principalmente para aqueles que não se cansam de fazer projectos e raramente os cumprem integralmente.
Estamos já no ano de 2008. Não há muito que entrámos no novo Milénio e ele já vai um tanto para trás. Parece um paradoxo mas é uma realidade da qual não nos podemos afastar.
Este novo ano entrou, para muitos, principalmente para aqueles que, escolhidos pelo povo, governam os seus destinos e que projectam empreendimentos novos que, muitas vezes, não passam do papel. No entanto, e é uma realidade. sem tais planos não se constrói o futuro. E o futuro está sempre em renovação, porque os sistemas de vida vão-se alterando a todo o momento, tal como o homem que nasce, cresce, atinge o patamar da existência e depois inicia a decadência. E é assim que a humanidade se renova constantemente. Precisa, todavia, de ser constantemente revitalizada e amparada para não cair no colapso. E são as famílias que se constituem, se desenvolvem, se desagregam, com a saída dos filhos e, depois, desaparecem.
Mas o homem nem sempre atinge essa realidade. Esquece-se por vezes, como é o caso , como tantos outros, que hoje aqui se regista.
O Jairo chegou a casa bastante tarde. Ao contrário do que era normal, vinha atordoado e sem um fio enxuto da roupa que trazia no corpo. Respirava com dificuldade e notava-se que havia sofrido qualquer acidente. Ou seria dos negócios que não tinham corrido bem?. A esposa, aflita, interrogava-se… Todavia Jairo tinha dificuldade em falar e não se explicava. Sentara-se na primeira cadeira que encontrara e nada dizia apesar das insistência da esposa para que algo dissesse. O que lhe tinha acontecido? Jairo continuava cabisbaixo e mudo.
A esposa havia tudo preparado, com o maior desvelo, para o jantar que comemorava o aniversário do casamento. Admirava-se, pois. que Jairo não tivesse chegado. Ele era habitualmente pontual e, principalmente naquele dia, sabia que estavam sós e que era um dia especial para o casal que, todos os anos, o celebrava com muito entusiasmo.
Passado algum tempo que, para a esposa pareceram horas, Jairo falou. E explicou-se; Saíra do escritório à hora habitual e vinha de viagem para casa. O carro seguia na sua marcha habitual. Nada previa que alguma coisa de anormal pudesse acontecer. O dia decorrera normalmente. Demais, Jairo estava ansioso por chegar a casa e abraçar a esposa, naquele dia de especial significado para ambos.
Quando seguia na estrada encontrou alguns amigos que o fizeram parar e o convidaram a entrar num Café próximo para cavaquearem e tomarem um Whisky. Embora com alguma relutância, Jairo acedeu ao convite pois alguns deles não os via há bastante tempo. Abancaram nas mesas desertas e o empregado serviu-lhes o primeiro Whisky e a cavaqueira começou…. Depois veio o segundo, o terceiro e nem sabem quantos mais… A noção do tempo desapareceu e eles lá continuaram , sem saberem já o que diziam…
A noite foi correndo e o grupo não se dispunha a abandonar a sala. Tornou-se necessário que o proprietário os convidasse a sair, o que, aliás, não foi fácil… Eles lá seguiram, ocupando os diversos carros que os aguardavam. No entanto, o inverosímil estava para acontecer.
Quando seguiam a grande velocidade, um veículo, viajando em sentido contrário, bateu de frente no carro de Jairo. Este e os restantes ocupantes do carro foram projectados a grande distância, felizmente sem sofrerem quaisquer ferimentos. (Um quase milagre!…) Entretanto, chegou a Polícia que tomou conta da ocorrência. Os sinistrados viram-se em palpos de aranha
para saírem daquela dramática situação, até que apareceu um auto, por acaso de um amigo, que os conduziu ao hospital, onde o médico de serviço os examinou. O álcool ainda não tinha desaparecido… Receberam o tratamento adequado e, passado algum tempo, já quase em estado normal, regressaram a suas casas. E foi assim que Jairo chegou. O relógio público já havia batido as primeiras horas da madrugada. E ele ali estava, ainda atordoado, junto da esposa a desculpar-se como podia. A esposa nada disse. Ficou calada, sofrendo intimamente a situação bastante arreliante. Era uma senhora possuidora de excelentes qualidades morais. Soube desculpar o marido e nunca mais se falou naquela noite trágica. Tudo voltou à normalidade.
Quantos casos acontecem no dia-a-dia da época actual!… Quantos Jairos não haverá por aí, vítimas de amigos da ocasião!…Todavia, e infelizmente, não se encontram muitas esposas como a de Jairo…
Este caso não seria caminho aberto para a desunião? Quantas acontecem por razões, as mais fúteis!…
Infelizmente é o que se verifica nos caminhos da vida actual.
Vila das Lajes
Janº 2008
Ermelindo Ávila
E é destarte que os anos vão decorrendo e aqueles que ontem nasceram amanhã serão os velhos desta geração. Todavia nem todos se apercebem desta realidade que não deixa de ser amarga para muitos, principalmente para aqueles que não se cansam de fazer projectos e raramente os cumprem integralmente.
Estamos já no ano de 2008. Não há muito que entrámos no novo Milénio e ele já vai um tanto para trás. Parece um paradoxo mas é uma realidade da qual não nos podemos afastar.
Este novo ano entrou, para muitos, principalmente para aqueles que, escolhidos pelo povo, governam os seus destinos e que projectam empreendimentos novos que, muitas vezes, não passam do papel. No entanto, e é uma realidade. sem tais planos não se constrói o futuro. E o futuro está sempre em renovação, porque os sistemas de vida vão-se alterando a todo o momento, tal como o homem que nasce, cresce, atinge o patamar da existência e depois inicia a decadência. E é assim que a humanidade se renova constantemente. Precisa, todavia, de ser constantemente revitalizada e amparada para não cair no colapso. E são as famílias que se constituem, se desenvolvem, se desagregam, com a saída dos filhos e, depois, desaparecem.
Mas o homem nem sempre atinge essa realidade. Esquece-se por vezes, como é o caso , como tantos outros, que hoje aqui se regista.
O Jairo chegou a casa bastante tarde. Ao contrário do que era normal, vinha atordoado e sem um fio enxuto da roupa que trazia no corpo. Respirava com dificuldade e notava-se que havia sofrido qualquer acidente. Ou seria dos negócios que não tinham corrido bem?. A esposa, aflita, interrogava-se… Todavia Jairo tinha dificuldade em falar e não se explicava. Sentara-se na primeira cadeira que encontrara e nada dizia apesar das insistência da esposa para que algo dissesse. O que lhe tinha acontecido? Jairo continuava cabisbaixo e mudo.
A esposa havia tudo preparado, com o maior desvelo, para o jantar que comemorava o aniversário do casamento. Admirava-se, pois. que Jairo não tivesse chegado. Ele era habitualmente pontual e, principalmente naquele dia, sabia que estavam sós e que era um dia especial para o casal que, todos os anos, o celebrava com muito entusiasmo.
Passado algum tempo que, para a esposa pareceram horas, Jairo falou. E explicou-se; Saíra do escritório à hora habitual e vinha de viagem para casa. O carro seguia na sua marcha habitual. Nada previa que alguma coisa de anormal pudesse acontecer. O dia decorrera normalmente. Demais, Jairo estava ansioso por chegar a casa e abraçar a esposa, naquele dia de especial significado para ambos.
Quando seguia na estrada encontrou alguns amigos que o fizeram parar e o convidaram a entrar num Café próximo para cavaquearem e tomarem um Whisky. Embora com alguma relutância, Jairo acedeu ao convite pois alguns deles não os via há bastante tempo. Abancaram nas mesas desertas e o empregado serviu-lhes o primeiro Whisky e a cavaqueira começou…. Depois veio o segundo, o terceiro e nem sabem quantos mais… A noção do tempo desapareceu e eles lá continuaram , sem saberem já o que diziam…
A noite foi correndo e o grupo não se dispunha a abandonar a sala. Tornou-se necessário que o proprietário os convidasse a sair, o que, aliás, não foi fácil… Eles lá seguiram, ocupando os diversos carros que os aguardavam. No entanto, o inverosímil estava para acontecer.
Quando seguiam a grande velocidade, um veículo, viajando em sentido contrário, bateu de frente no carro de Jairo. Este e os restantes ocupantes do carro foram projectados a grande distância, felizmente sem sofrerem quaisquer ferimentos. (Um quase milagre!…) Entretanto, chegou a Polícia que tomou conta da ocorrência. Os sinistrados viram-se em palpos de aranha
para saírem daquela dramática situação, até que apareceu um auto, por acaso de um amigo, que os conduziu ao hospital, onde o médico de serviço os examinou. O álcool ainda não tinha desaparecido… Receberam o tratamento adequado e, passado algum tempo, já quase em estado normal, regressaram a suas casas. E foi assim que Jairo chegou. O relógio público já havia batido as primeiras horas da madrugada. E ele ali estava, ainda atordoado, junto da esposa a desculpar-se como podia. A esposa nada disse. Ficou calada, sofrendo intimamente a situação bastante arreliante. Era uma senhora possuidora de excelentes qualidades morais. Soube desculpar o marido e nunca mais se falou naquela noite trágica. Tudo voltou à normalidade.
Quantos casos acontecem no dia-a-dia da época actual!… Quantos Jairos não haverá por aí, vítimas de amigos da ocasião!…Todavia, e infelizmente, não se encontram muitas esposas como a de Jairo…
Este caso não seria caminho aberto para a desunião? Quantas acontecem por razões, as mais fúteis!…
Infelizmente é o que se verifica nos caminhos da vida actual.
Vila das Lajes
Janº 2008
Ermelindo Ávila
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