sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O ÓRGÃO DA MATRIZ DAS LAJES

Notas simples                                                                                                                                     

          Trago hoje à liça uma figura notável da Música portuguesa - António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828). Foi um dos mais notáveis construtores de orgãos do período do barroco.
        Os seus 103 órgãos, econtram-se dispersos por diversas igrejas portuguesas, tendo chegado aos Açores e à Ilha do Pico, 14 instrumentos.
        O primeiro órgão de Cerveira, já desaparecido, pertenceu ao Mosteiro dos Jerónimos, seguindo-se o da Igreja de São Roque e da Basílica dos Mártires, todos em Lisboa. “Com este órgão, o número 3 da sua autoria, o artista obteve grande reputação, tendo sido incumbido de construir todos os órgãos que as igrejas de Lisboa tiveram que readquirir, na reedificação da cidade, após o terramoto de 1755. 1
        Mas com o passar dos anos, uns vão desaparecendo pelo mau tratamento de conservação que os proprietários lhes foram dando no decorrer dos tempos, enquanto outros, mais cautelosos, vão tratando os instrumentos musicais com maior cuidado. Mas, infelizmente, os desastres também acontecem. 
        O histórico Órgão da Matriz das Lajes do Pico foi construído, em 1804. É o 66º exemplar e o mais pequeno de toda a obra de Machado e Cerveira, foi o sexto órgão feito para os Açores pelo Artista e o primeiro a vir para a Matriz das Lajes.2
        Que eu saiba, já teve duas intervenções que o beneficiaram. A primeira foi da responsabilidade de um organeiro continental que aqui se deslocou, propositadamente; a segunda foi no século findo, comparticipada pela Direcção Regional da Cultura, a pedido do antigo Ouvidor e Vigário Dr. António Rogério Gomes e executada pelo organeiro micaelense Dinarte Machado. Este organeiro fez a limpeza interior do instrumento e modificou-lhe o sistema de ar. 
        Actualmente, o órgão da Matriz das Lajes do Pico é um instrumento de concerto e alguns se têm nele efectuado.
        Antes da sua aquisição, o acompanhamento do canto, na antiga Igreja Matriz, era feito pelos frades franciscanos, com violoncelo e rabecão.
        Quando surgiram os órgãos, as igrejas do Pico foram das primeiras a promover a aquisição de um desses instrumentos.
        O P. Thomé Gregório, pároco da Calheta de Nesquim, deslocou-se à ilha de S. Miguel para ouvir e observar o trabalho que estava a executar o clérigo P. Joaquim Silvestre Serrão que dirigia a construção do orgão mais pequeno da Sé de Angra. E a partir daí foi lançada a construção do órgão destinado à Igreja da Calheta de Nesquim.
        Thomé Gregório de Lacerda, jorgense, tio do Maestro Francisco de Lacerda, construíu o órgão da Piedade, o primeiro das igrejas do Pico, infelizmente desaparecido.
        O órgão da Igreja de São João é um trabalho de António Nicolau Machado Ferreira, de Ponta Delgada. Tem 479 tubos e foi restaurado no ano 2000 por Dinarte Machado.
         Outras mais referências podia aqui fazer mas, por hoje, fico  por aqui.
VILA DAS LAJES,
9 de Dez.º de 2017
ERMELIND0 AVILA




1   https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Xavier_Machado_e_Cerveira
2           CODERNIZ, José Nelson Leonardo, “OS ÓRGÃOS DE TUBOS DE ANTÓNIO XAVIER MACHADO E CERVEIRA NOS AÇORES”, Dissertação de mestrado em Ciências Musicais, FCSH, 2010

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