domingo, 12 de novembro de 2017

PÃO POR DEUS

RESPINGOS

É um tema simpático para este início do chamado Ano Litúrgico.
Outrora, todos os fiéis cristãos respeitavam os ciclos litúrgicos estabelecidos pela Igreja, cumprindo as suas normas com respeito e fidelidade. Com o desenvolvimento da Sociedade moderna, tudo se modificou e hoje, nem todos estão dispostos a cumprir essas normas que de mal nada tinham.
Apesar das novas formas de vida, que alguns querem classificar de nova civilização, há lugares e terras (núcleos habitacionais antigos) que mantêm os costumes e os hábitos trazidos dos tempos, algo distantes, de seus avós.
Felizmente que isso acontece nalgumas terras destas ilhas, onde as antigas tradições se conservam com respeito.
Ontem foi dia de Finados. A Igreja Católica recorda, de modo particular, aqueles de seus fiéis que já partiram para o Pai. Fê-lo, como habitualmente, sufragando as almas dos mortos, com actos litúrgicos, por cá bastante concorridos. E não deixou de visitar as campas dos falecidos…
No dia anterior, foi o dia de PÃO POR DEUS. Um velho costume que as crianças ainda trazem até hoje: Pão por Deus! Por amor de Deus! Para as avós, eram elas que se dedicavam a esse trabalhinho, faziam umas pequenas sacolas onde os miúdos recolhiam as dádivas: moedas, doces, géneros (cambadas de milho, punhados de batatas), enfim, tudo o que fosse útil para as crianças e até adultos.
Conheci terras nos Açores em que algumas instituições criaram o sistema de, ao sábado, destinar umas tantas moedas para os pobres mendigos que lhes batiam à porta. Assisti um dia, casualmente, a um acto desses e fiquei chocado com a maneira brusca como o pobre foi recebido.
Por cá ainda se mantém o pão por Deus. Um dia diferente que é lembrado e respeitado.
Pouco ou muito, todos dão e são vários os que pedem: alguns por necessidade, outros para manter uma tradição.
Depois da colheita, porta-a-porta, era a partilha pelos companheiros. Ninguém refilava…
Talvez, outros tempos.
Vila-Capital da Cultura Baleeira
Nov. 2017

E. Ávila

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