domingo, 23 de outubro de 2016

E DEPOIS ?...

Notas do meu cantinho


       O quase silêncio estabeleceu-se na Vila. Ainda hoje, alguém que não é de cá me fazia a pergunta: A Vila foi sempre assim? Respondi-lhe, como não podia deixar de fazer, com a realidade dos factos.
         O movimento, principalmente em certas horas do Pico, era bastante elevado. Além de outros veículos, chegavam e partiam os autocarros com bastantes passageiros e não raro havia desdobramentos. Mas essa época passou. Em certas horas do dia ninguém se encontra por aí, nem os de fora, nem os que cá residem, e bem poucos são.
         O verão passou. Os visitantes regressaram às suas terras e os estudantes, aliás bem poucos, às suas escolas. Deixou de se ver os grupos de turistas, que, despreocupadamente, passavam à nossa porta.
         Ainda existem por cá algumas repartições públicas, mas não aquelas que cá deviam estar instaladas.
         O concelho é o de maior extensão agrícola, mas os serviços respectivos foram ardilosamente de cá afastados para se fixarem em local mais agradável aos respectivos serventuários. E não foi sempre assim. Os funcionários de então já se afastaram por aposentação. Outros foram substitui-los, mas a situação gravosa continua. Não será tempo mais que suficiente para pôr as coisas nos seus devidos lugares? Os gestores públicos são outros e amanhã outros ainda serão.
         É tempo de se criarem serviços, aliás indispensáveis ao funcionamento normal da vila, e neles fixar quem deseje neles trabalhar.
         E o que vem de dizer-se não constitui novidade. Por esse País fora estão as Autarquias a criar serviços, para fixar os respectivos jovens. E são os mais diversos e promissores.
         Criem-se também aqui serviços que promovam a criação de postos de trabalho para a juventude, e não só. Reorganizem-se os existentes de maneira mais promotora de ocupação de braços que garantam o emprego e a consequente subsistência das famílias e proporcionem a fixação dos jovens porque, felizmente, ainda há alguns que desejam voltar.
         Mas tudo tem de ser promovido com acerto e isenção, não vá adoptar-se soluções erradas, como aconteceu. Como diz o velho ditado: Querer desculpar uma asneira é cometer outra! Há que criar uma legislação específica para a juventude açoriana.
         Algumas vezes tenho aqui, nos meus escritos, tratado este tema, embora sem resultado. Enquanto me for possível, a ele voltarei para que a solução devida seja encontrada. Serei importuno para alguns? Não importa. Em toda a minha vida tenho procurado, denodadamente, estar ao lado da Terra que muito amo e das suas gentes, minhas irmãs.
         Aceito que o Mundo esteja em transformação política, social e económica e que essas transformações cheguem com seus méritos e malefícios aos lugares pequenos. Demais, estamos em ilhas rodeadas de mar por todos os lados, o que condiciona demasiado o viver dos naturais. E é, sobretudo isso, que importa que governantes tenham em atenção. Não podemos, como os barcos à deriva, ficar por aqui sujeitos às intempéries que todos os Invernos assolam, de maneira desastrosa, as ilhas e os que nelas habitam, principalmente as mais carecidas de meios concretos de sobrevivência. 
         A Ilha do Pico, mercê da sua constituição geológica, tem características especiais e é isso que devem ter em atenção aqueles a quem está entregue a administração da coisa pública, para que não haja a duplicidade de filhos e enteados...
         Estarei a laborar em erro?... O tempo o dirá.
A Vila das Lajes - chamada maldosa ou graciosamente de avoenga (velha e “canoca”?...) tem legitimidade para usufruir do Direito e que o seu governo seja entregue a quem estiver disposto a pugnar, legítima e entusiasticamente, pelo progresso e desenvolvimento do seu povo.  
         Abandoná-la à sua sorte é um crime desastroso que não pode nem deve consentir-se. Os picoenses não têm só deveres, mas direitos como quaisquer ilhéus ou continentais.
E, dentro do Pico, há lugares mais beneficiados do que outros o que está a provocar (maldosamente?) o desequilíbrio económico e social. É preciso que se tenha isso em atenção e se tomem medidas de ordenamento correctas e eficazes. Mas já! Parar é morrer! E o mal pode ser contagioso...

Vila das Lajes.
22-09-2016

Ermelindo Ávila

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