Estamos na semana da Festa da Piedade. Tal como acontece em todas as outras localidades, a festa da Padroeira é, normalmente, preparada com respeito e entusiasmo. E creio que esta atitude dos respectivos paroquianos vem desde a instituição da freguesia, uma das mais antigas da Ilha, pois já existia nos princípios do século dezasseis. Mas deixemos a história.
Há dezenas de anos que estou ligado à freguesia da Piedade por laços familiares. Aqui criei amizades e passei momentos que não esqueço pois esta terra e as suas gentes são de uma simpatia pouco vulgar.
A Piedade tem lugares de veraneio paradisíacos: a Manhenha com as suas cem adegas como a definiu um escritor faialense há mais de meio século, o Calhau com a sua baía magnífica e porto embora de reduzidas dimensões; aqui, mais recolhida a Engrade, com uma baía abundante em peixe para as pescarias de “costa”. Para não esquecer os seus famosos vinhos verdelho há muito desaparecidos.
Hoje fico pelo Calhau, uma apreciada estância de verão com excelentes adegas, agora transformadas em belas moradias. Lá existe a ermida de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, mandada construir em 1854, pelo Padre Manuel Inácio da Silveira Campelo, vigário de S, Mateus da Terceira. Foi propriedade de Manuel Vieira Machado e, actualmente, pertence aos descendentes de José Joaquim Goulart. Infelizmente, encontra-se em ruínas.
Para a substituir foi construída, junto ao Porto, uma pequena capela onde, anualmente, os locais promovem uma festa à Senhora da Boa Viagem.
Aludindo ao porto do Calhau aqui deixo o que informa o Professor Manuel de Ávila Coelho:
“O Reverendo Pe. Gabriel Soares – que legou a sua casa do Calhau à Paróquia da Piedade onde viveu muitos anos o P. Francisco Soares – Velho – também dizia muitas vezes, com os olhos postos na magnífica baía do “Calhau da Ponta”, que não tem rival na ilha; “Ainda hei-de embarcar e desembarcar ali num cais, a pé enxuto”. Um dia abriu a bolsa e deu bem; o Estado agradeceu, reforçou a verba e ordenou o começo das obras que chegaram ao ponto em que há anos se encontram”. (Isto escrito em 1961). E continua: “Pouca sorte outra vez mas os habitantes da Piedade não tiveram culpa. Nesta maior baía do Pico, de fundo direito e saídas desafogadas, já se abrigaram navios se grande calado e, por mais de uma vez, o antigo “Funchal”, da Empresa Insulana de Navegação, ali fez serviço de mala e passageiros.
Além disto, óptimo varadouro, pela sua grande área e insignificante diferença de nível, presta-se a ser utilizado por grandes embarcações. Contudo já vimos uma traineira de pesca da albacora, das duas pertencentes à freguesia, varada no porto de Santa Cruz das Ribeiras em terra!” (A Freguesia de Nª.Sª. da Piedade, na Ilha do Pico, Boletim do NCH, 1961)
Hoje o Calhau dispõe de um bom porto, com cais acostável, embora de pequena dimensão.
Infelizmente, os iates do Pico que faziam as ligações semanais entre Pico-Faial e as restantes ilhas dos Grupos Central e Oriental desapareceram e a ilha só tem ligações com o exterior, no verão, através do porto do Cais do Pico. Toda a Zona Sul da Ilha está abandonada. Dizem que é progresso e que tudo está melhor!
E fiquemos por aqui, gozando um pouco deste verão calmoso mas agradável por estas bandas.
Engrade, 2 de Setembro de 2011
Ermelindo Ávila
Hoje fico pelo Calhau, uma apreciada estância de verão com excelentes adegas, agora transformadas em belas moradias. Lá existe a ermida de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, mandada construir em 1854, pelo Padre Manuel Inácio da Silveira Campelo, vigário de S, Mateus da Terceira. Foi propriedade de Manuel Vieira Machado e, actualmente, pertence aos descendentes de José Joaquim Goulart. Infelizmente, encontra-se em ruínas.
Para a substituir foi construída, junto ao Porto, uma pequena capela onde, anualmente, os locais promovem uma festa à Senhora da Boa Viagem.
Aludindo ao porto do Calhau aqui deixo o que informa o Professor Manuel de Ávila Coelho:
“O Reverendo Pe. Gabriel Soares – que legou a sua casa do Calhau à Paróquia da Piedade onde viveu muitos anos o P. Francisco Soares – Velho – também dizia muitas vezes, com os olhos postos na magnífica baía do “Calhau da Ponta”, que não tem rival na ilha; “Ainda hei-de embarcar e desembarcar ali num cais, a pé enxuto”. Um dia abriu a bolsa e deu bem; o Estado agradeceu, reforçou a verba e ordenou o começo das obras que chegaram ao ponto em que há anos se encontram”. (Isto escrito em 1961). E continua: “Pouca sorte outra vez mas os habitantes da Piedade não tiveram culpa. Nesta maior baía do Pico, de fundo direito e saídas desafogadas, já se abrigaram navios se grande calado e, por mais de uma vez, o antigo “Funchal”, da Empresa Insulana de Navegação, ali fez serviço de mala e passageiros.
Além disto, óptimo varadouro, pela sua grande área e insignificante diferença de nível, presta-se a ser utilizado por grandes embarcações. Contudo já vimos uma traineira de pesca da albacora, das duas pertencentes à freguesia, varada no porto de Santa Cruz das Ribeiras em terra!” (A Freguesia de Nª.Sª. da Piedade, na Ilha do Pico, Boletim do NCH, 1961)
Hoje o Calhau dispõe de um bom porto, com cais acostável, embora de pequena dimensão.
Infelizmente, os iates do Pico que faziam as ligações semanais entre Pico-Faial e as restantes ilhas dos Grupos Central e Oriental desapareceram e a ilha só tem ligações com o exterior, no verão, através do porto do Cais do Pico. Toda a Zona Sul da Ilha está abandonada. Dizem que é progresso e que tudo está melhor!
E fiquemos por aqui, gozando um pouco deste verão calmoso mas agradável por estas bandas.
Engrade, 2 de Setembro de 2011
Ermelindo Ávila
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