Estamos cansados de ouvir e ler que a crise económica e financeira que atravessamos só pode ser combatida com a diminuição das despesas e o aumento dos impostos.
Se não é esta a definição é a realidade que se apresenta.
Diminuir as despesas das famílias, aumentando o custo do pão, dos géneros alimentícios, a principiar pelo leite e pela carne, dos combustíveis e dos impostos?
E onde estão as receitas para fazer face a esses encargos, se se envia uma parte dos trabalhadores, sejam ou não chefes de família, para o desemprego, se se diminuem os vencimentos e salários, se se aumentam os encargos que sobre eles recaíem, se, em lugar de se promover a produção dos produtos agrícolas de todo o género, desde a batata às bananas, tudo se importa ?
Outrora era agradável olhar para a encosta que ladeia a vila e outras localidades e vê-las verdejantes, com milho ou trigo, ou ervagens para o gado, conforme a época.
Hoje esses terrenos, a que se chamavam ladeiras, praticamente desapareceram com as vegetações selvagens que deles se apossaram. São as faias, os incensos, os canaviais, as silvas e, aqui e ali, duas ou três pequenas matas de criptomérias.
Mas não apenas nestas ladeiras que nos ficam aqui em frente, mas por essa ilha além. Muitos dos melhores terrenos de semeadura estão hoje utilizados em forragens para o gado e o milho que se cultiva, quase só para ser ensilado.
Há necessidade de voltar atrás. Semear a batata branca, fazer o canteiro para produzir a planta da batata doce, cuidar dos pomares para a produção da excelente fruta que, em épocas passadas, o Pico muito produzia e exportava, pôr a funcionar os moinhos e as moagens para a farinação dos cereais produzidos na ilha. Voltar, pois, ao princípio e conseguir arrancar da terra os produtos necessários à subsistência das famílias. Repetir o que fizeram, sem meios mecânicos, os povoadores nossos avoengos.
Uma interrogação se põe: E mão de obra? Faltam os braços para executar tais tarefas. Os velhos já não podem voltar às terras, com o alvião às costas, ou manobrar o arado que, puxado pelos bois, lavrava a terra.
Hoje há maquinaria que substitui, em parte, o trabalho do antigo agricultor! E se a juventude não se quiser dedicar à terra, preferindo aguardar, no “desemprego”, uma colocação condizente com o curso que tirou, podem contratar-se trabalhadores estranhos à ilha, que os haverá em outras terras.
Há anos, no Canadá, tive oportunidade de visitar uma enorme propriedade toda ela plantada de vinha. O proprietário fazia, anualmente, milhares de litros de vinho para venda. Todo o trabalho era executado por trabalhadores contratados, por períodos de seis meses, em Costa Rica, os quais, logo que terminava o contrato que só tinha efeitos nos seis meses de verão, voltavam à sua nação. E estavam sempre prontos a voltar no ano seguinte.
Creio que por cá não se tornará necessário ir tão longe...
Vila das Lajes,
21-2-2011,
P.S. “O Dever”, na edição da semana finda, publicou um judicioso artigo do Comendador Manuel Emílio Porto, sobre o tema que hoje aqui abordo. Com ele estou plenamente de acordo. E, muito embora este meu arrazoado esteja na gaveta há algumas semanas, julgo que não perdeu actualidade, pois a crise continua e agrava-se, assustadoramente. Vale, pois, a pena combatê-la por todos os meios. Trata-se, afinal, da maior crise que Portugal sente e sofre deste 1850. ..É o que diz a Imprensa.
A propósito, pode ler-se na revista “Visão”, nº 946, de 21 a 27 de Abril corrente:
“Sempre a dever. A dívida pública não parou de crescer nos anos finais da Monarquia e marcou o início da República. A trajectória, interrompida durante o Estado Novo, viria a ser retomada depois do 25 de Abril. Em 2010 o endividamento do Estado atingiu o valor mais alto dos últimos 160 anos.”
29-Abril-2011
Ermelindo Ávila
2 comentários:
O senhor Ermelindo tem toda a razao, para progredir no futuro olhasse para o passado, nao a progresso se o povo perde o poder de compra,o primeiro culpado e o governo os seus impostos e estravagancas e as multo internacionais que nao pagam o sufeciente aos empregados para elespoderem comprar o produto que eles mesmo produzem. Quando presidente e dono da ford corp.Henry Ford penssou em por uma limha de porducao de carros, a sua primeira preocupacao foi tenho que pagar o suficiente aos meus empregados so eles podem comprar um carro o nao fas sentido por uma linha de producao, isto no principio dos 1900s, e nos anos de 1980s a america saiu de uma crise grande porque o presidente Reagan disse e fes,o probelema e o governo que tomou muito poder e esta a travar o progresso e inovacao idividual, so ele curtou o governo a meio e deu a liberdade a custa da burocracia, e viusse o resoltado uma das melhores epocas dos estados unidos e do mundo, em todos os aspectos incluido politico.
Deus lhe dê saúde para continuar a escrever, este dom ninguém lhe pode tirar, ouvi-lo será mais difícil principalmente na rádio, mas enfim.
"VAMOS AFASTAR A CRISE?" devia ser assim:. Acabar com o Financiamento aos Partidos. Que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem para conseguirem verbas para as suas actividades.
. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias, e até os filhos das amantes.... Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.
. Acabar com as várias reformas, acumuladas, por pessoa, de entre o pessoal do Estado e de entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.
Grande abraço Senhor Comendador
minha sincera admiração.
macbajul
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