segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

QUAL O TURISMO QUE VAMOS EXPLORAR ?


Há um provérbio que assim diz: ”Depois da tempestade vem a bonança”. É a esperança que nos resta. Depois deste inverno tempestuoso e frio, de “quebrar ossos”, como refere outro ditado popular, estamos quase chegados ao verão.

Não tarda que por aí apareçam os grupos de visitantes estrangeiros, e igualmente nacionais, interessados principalmente em ver baleias – intensificando a exploração do Whale Watching, - que circulam pelos mares fronteiriços. Elas, na época invernosa, também por aqui aparecem, quando o mar permite, mas em quantidades mínimas. Mas não só as baleias para aqui os chamam nos tempos de estio. Igualmente outros atractivos os trazem a estas paragens... No presente ano ainda cá não chegaram, naturalmente pelo tempo invernoso que tem assolado todos os continentes.

Todas as ilhas do Arquipélago têm as suas características próprias e as suas belezas naturais. Consequentemente, a chamada indústria do Turismo tem de desenvolver-se, não apenas em uma, duas ou três delas, mas em todas. Sabido é que muitos dos forasteiros que por aí aparecem não se contentam em ficar “isolados” numa delas, por mais atractivos que possua. Quer andar pelas nove e tudo ver, campos e vales, utilizando os trilhos que restam do passado, infelizmente alguns deles quase intransitáveis. No entanto eles lá caminham, calcorreando montes e vales. Mas, naturalmente, não dispensam o hotel para descansar e pernoitar.

Interessa que por aí apareçam os visitantes, pois, segundo se anuncia, o turismo constitui o maior factor de progresso de que possam dispor os empresários dedicados à exploração dessa actividade económica.

Indispensável, todavia, que disponhamos de estruturas suficientes e capazes de receber esses visitantes especiais, quase sempre muito exigentes quando fora das suas terras.

Dos três restaurantes existentes na área urbana um foi há pouco galardoado pelo excelente serviço que presta. Mas é pouco. Terras há em que os estabelecimentos dessa natureza são muitos mais e facilitam, pela variedade das ementas e serviço prestado, a estadia daqueles que nos procuram.

Creio que tudo se resolveria se já existisse uma unidade hoteleira – um hotel de qualquer categoria, pouco interessa o número de estrelas - que funcionasse diariamente dentro da zona urbana. É talvez por isso que um assinalado número de visitantes ocupa o Parque de Campismo, instalado no perímetro urbano da vila.

Bem longe vão os tempos em que a hospedaria da Maria José bastava para receber uma dúzia de visitantes no ano, entre eles a Junta de Inspecção Militar que aqui se deslocava para a selecção dos mancebos destinados à Tropa. Outros tempos, dirão alguns.

Actualmente, existem estabelecimentos hoteleiros em quase todas as vilas açorianas. E embora, na chamada época baixa, seja diminuto o número de utilizadores, a época alta - o verão - recompõe as carências do inverno.

Na vila está em aberto um espaço que, salvo melhor solução, podia e devia ser utilizado para a implantação de um edifício hoteleiro. Fica optimamente situado e seria uma das diversas formas de o ocupar, acabando com o seu aspecto degradante, que só provoca a admiração de quem nos visita e a repulsa dos lajenses em geral. Refiro, uma vez mais, as ruínas da casa da Maricas do Tomé, que já entrou na história, de tanto nela se falar, e o terreno anexo, ambos propriedade da Câmara Municipal.

Há anos que se vem chamando a atenção do Município para aquele autêntico escárnio, que é vergonha nossa e que, por vezes, provoca riso aos estranhos que por ali circulam e o olham com ar interrogativo. O taipal que há meses foi colocado para impedir a aproximação dos transeuntes, só tem esse efeito. Não evita que as ruínas e as plantas trepadeiras que o rodeiam, - algumas secam no inverno, - deixem de ser observadas e ridicularizadas.

O Município tem de assumir aquela obra como prioritária no concelho. Está em causa o bom nome, o prestígio e o futuro económico desta terra.

E, em modesto entendimento, duas soluções há: Ou põe em hasta pública aquele espaço, com as devidas exigências técnicas, urbanísticas e fim; ou ele próprio, ou em parceria com algum particular, constrói um edifício hoteleiro, como outras câmaras açorianas já o fizeram ou estão a executar, e cuja exploração poderá vir a ser entregue a uma empresa particular, salvaguardando no entanto os interesses municipais, que são os de todos nós.

A não se tomarem medidas urgentes para a solução deste e doutros casos pendentes, o concelho fica com o seu futuro muito incerto e duvidoso. E então a exploração da indústria turística de nada valerá aos lajenses.

Estes e outros problemas locais tenho debatido em ocasiões várias, umas com algum êxito, outras ficando ignorados de quem de direito. E faço-o por me doer o estado de autêntico abandono em que se encontram certos problemas vitais desta terra.

Um dia alguém, que já partiu há anos, escrevia-me, a propósito de um escrito reivindicativo: “Não desanime. Continue. Água mole em pedra dura...”



Vila Baleeira,

2 – 2 – 2011

Ermelindo Ávila

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