sexta-feira, 3 de setembro de 2010

MANHÃS DE SÁBADO 4-Set.2010


Por estas bandas do Atlântico terminaram as chamadas ”Festas de Verão”. Os visitantes vão regressando às suas terras. Daqui a dias serão os estudantes. que frequentam os cursos universitários que abalarão a continuar os cursos.

Todos se despedem-se com um simples” até à manhã” ou “até ao ano”.

Até ao ano ou até à manhã é sempre uma partida que deixa uma saudade com uma lágrima furtiva que se procura esconder mas que é sinal da angústia não só de quem parte mas principalmente de quem fica a contar os dias, as semanas, os meses para de novo os receber, se é que eles voltam....

As festas religiosas ou profanas acabaram nas três vilas picoenses. Primeiro na Madalena, depois em São Roque e, a terminar o mês de Agosto, na vila das Lajes. Resta ainda a da Piedade, da Ponta da Ilha, e, quase no fim do mês, a de São Mateus as quais bem se podem ligar às festas maiores da Ilha.

Foram as festas motivo para que ao Pico se deslocassem aqueles que um dia partiram para as terras da Diáspora ou para as Universidades e por lá ficaram, pois a terra mãe não lhe podia , e infelizmente ainda hoje não pode dar-lhes a colocação, o emprego que naturalmente ambicionavam, e que aliás mereciam ou merecem.

E os que concluíram os cursos por alguns anos andaram, e por lá ficaram aparentemente esquecidos da terra natal. Agora começam a voltar. As férias no estrangeiro são insuportáveis para as carteiras de alguns. A outros move-os a saudade dos familiares, amigos e conhecidos. Dos recantos onde passaram horas de lazer nos tempos da mocidade.

É um gosto enorme reencontrar aqueles que vieram da América e do Canadá ou mesmo do continente e das outras ilhas e com eles trocar dois dedos de conversa, recordar a juventude e os tempos que não voltam.

Um dia também parti. Para perto, mas longe pelas dificuldades de comunicações. E a saudade desses longínquos tempos ficou . E ficou para me fazer regressar e não mais sair. E cá estou estes anos todos, enquanto o Senhor o permitir.

Hoje vivo a saudade dos filhos, dos netos e até dos bisnetos ausentes. Eles não podem regressar à terra porque aqui, como atrás referi, não teriam acolhimento: um emprego que lhes permitisse a sua sobrevivência e da própria família que, entretanto constituíram ou naturalmente hão-de constituir. Mas custa sempre a separação, embora as comunicações telefónicas amenizem um pouco o espírito, e amenizam a saudade, que um dia nasceu em nós, para nunca mais ter fim, embora o telefone nos mantenha em contacto quase permanente. Mas não basta. Há algo que não morre. E esse algo é a saudade que está permanente.

São tristes os dias que decorrem. As ausências marcam um estado de espírito que dificilmente é suportado pelos que ficam nestas terras cada vez mais desertas e esquecidas.

Aos que partiram ou estão a partir ficam os votos de prosperidades, de muita saúde, de paz, de amor, de felicidades.

Que o Senhor a todos proteja e ampare nas suas empresas e dificuldades para que, se possível, para o ano, possam cá estar de novo a conviver com aqueles que por ai andarem...


Bom dia!


2 de Setembro de 2010

Ermelindo Ávila



1 comentário:

artur xavier disse...

Hoje, ao ver-me sentar em frente ao computador, a minha mulher perguntou: "Já leste o artigo do Senhor Ermelindo? É que ele já me fez caír umas lágrimas"... Pois,... a saudade! Agora e sempre, a saudade. De tudo e de todos(?)! Este ano, ainda, não fomos ao Pico. Mas esta não ida à Terra que nos viu nascer, terá sido suavizada pelo ressentimento (palavra forte, ressentimento!) causado por alguns dos nossos patrícios, membros do novo estabelecimento, instalado na Misericórdia da Vila. É que por muito que se queira e por maior que seja o esforço, a ferida não sara e tardará... Ouvi, da boca do recentemente falecido actor e comediante António Feio, de entre outras coisas, o seguinte: "Não deixem, nunca, de dizer, aquilo que têm para dizer". No dia em que faleceu "O Bom gigante", foi conhecida a sentença do caso Casa Pia. Ontem, em Matosinhos e em Castelo de Vide, José Sócrates e Passos Coelho, (re)fizeram as "rentrés" políticas dos respectivos partidos políticos... As cerejas no topo do bolo. E amanhã será (?) um destes senhores a governar este quintal, à beira-mar plantado. Que Deus, nosso Senhor, nos acuda.