Cá estou uma vez mais com a minha croniqueta nesta manhã de sábado, por sinal a última deste mês de Janeiro.
Nem sempre os assuntos são de molde a despertar interesse nos radiouvintes. Relevem-me a falta.
Esta manhã vou trazer à consideração dos que me escutam, a cultura. Não será um historial minucioso mas um apontamento ligeiro do que representou, em tempos passados, a cultura para esta avoenga Vila.
Os primeiros sinais de cultura foram trazidos pelos frades da Ordem Franciscana que aqui se instalaram em 31 de Agosto de 1627. No convento se ensinavam as línguas mais usuais no tempo, alem do português e do latim. Extintas as ordens religiosas, em 17 de Maio de l832, foi criada a aula de Latim que compreendia retórica e francês. Como professor dessa aula tornou-se célebre o Pe. António Lúcio, professor de grande cultura.
Com a morte deste professor, em 8 de Abril de 1868, ficou vaga a aula e nunca mais foi provida pois, entretanto, havia sido criado, em 15 de Maio de 1854, o Liceu da Horta, do qual passou a ser professor António Lourenço da Silveira que, das Lajes, foi transferido para o novo estabelecimento de Ensino Secundário. Autor da História das Quatro Ilhas, havia sido professor de Latim nesta Vila.
De registar a criação do Seminário de Angra, em 15 de Maio de 1854, no qual vieram a matricular-se diversos alunos da Ilha do Pico.
Entretanto, é fundada a Filarmónica Lajense, em 14 de Fevereiro de 1864, a mais antiga da Ilha.
A Ilha do Pico tem, presentemente, um grupo de Filarmónicas de inestimável valor e já centenárias: além da Lajense que, em 1910, indo na corrente do movimento político adicionou o classificativo “Liberdade” à denominação que, assim, passou a “Filarmónica Liberdade Lajense, - existem as filarmónicas centenárias “União Artista”, de S. Roque, fundada em 1880; “Lira Fraternal Calhetense”, fundada em 1888; “Recreio Ribeirense”, fundada em 6 de Janeiro de 1900; “Recreio dos Pastores”, fundada em 23 de Junho de 1907.
No próximo ano a “Liberdade do Cais do Pico” atinge os cem anos, em 10 de Abril. Isto só para referir as centenárias pois a ilha do Pico, com cerca de 15 mil habitantes, possui actualmente treze filarmónicas, o que dá relevo à cultura musical da nossa gente. E deixo de referir o Grupo Coral das Lajes, o Coral da Madalena, as Capelas dos actos litúrgicos. Nada menos de 17 grupos.
Em 1876 por iniciativa de Dom João Paulino de Azevedo e Castro, ao tempo estudante da Universidade de Coimbra e que viria a ser Bispo de Macau, onde faleceu em 1917, foi fundado na Vila das Lajes o Gabinete de Leitura Lajense, com algumas centenas de livros recolhidos nos alfarrabistas daquela cidade. No Cais do Pico, fundou-se, em 8 de Maio de 1882, o Gabinete de Leitura Marques de Pombal.
Na década de trinta do século passado um grupo de lajenses organizou a Biblioteca Popular Lajense que, mais tarde, veio a ser integrada na Câmara Municipal, dando origem à actual Biblioteca Municipal Dias de Melo.
E que dizer do actual Museu dos Baleeiros, um organismo de cultura ímpar que vem merecendo o interesse e acolhimento de muitos cientistas nacionais e estrangeiros, bem como o Centro de Artes e Ciências do mar (antiga fábrica da baleia SIBIL) ?!
Está aberta a inscrição para a XI edição do “Festival Infantil da Canção Baleia de Marfim”, organização do Município Lajense e que, ano a ano, desperta muito interesse em várias ilhas dos Açores, donde vêm diversos concorrentes, de idades compreendidas entre os 5 e 10 anos.
E aqui termino, dado que o assunto não ficou esgotado.
Vila das Lajes, 24 de Janeiro de 2009Ermelindo Ávila
(Crónica para o programa Manhãs de Sábado da RDP-A)
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