Todas as ilhas têm as escolas secundárias nos respectivos centros urbanos, a principiar pela Ilha de São Miguel. Conheço somente uma excepção: a escola de S. Roque do Pico, construída no princípio da estrada transversal, no propósito de ligar a antiga Vila ao lugar do Cais, onde se situam os serviços públicos.
Depois de uma luta de anos, parece que a Secretária Regional da Educação, recentemente empossada, sem tomar conhecimento “in loco” da situação do actual edifício escolar, construído de raiz para aquele fim, entende dar provimento à proposta de uma facção social e construir um novo edifício afastado da zona urbana cerca de dois (2) quilómetros.
A concretizar-se tal projecto, promove-se a completa destruição da vila, dela ficando, em poucos anos, apenas as ruínas, pelo abandono que vai provocar. Será que se pretende editar, na época presente, as antigas “Ruínas de Pompeia”?
Retirar da Vila a Escola Secundária é, como disse, o maior golpe que pode dar-se no seu desenvolvimento e no seu futuro. A Vila deixará de ter movimento de pessoas, pois as duas ou três centenas de jovens que virão a frequentar a escola, não terão tempo de a ela descer nos intervalos das aulas.
A eles não fará diferença a mudança da escola uma vez que o autocarro os leva a qualquer sítio onde a escola se encontre. Todavia deixa de haver a sua presença diária e a alegria louçã que emprestam à vila e dão movimento ao seu comércio.
Acresce que, construída a escola da Ponta da Ilha - para servir a Calheta, Piedade e Ribeirinha, os alunos até ao nono ano, deixarão de deslocar-se à escola das Lajes e esta ficará com a sua frequência bastante reduzida, de uma ou duas centenas de alunos.
Assim sendo, o actual edifício ficará com algumas salas desocupadas e, consequentemente, com espaços suficientes para todos os serviços, aulas e laboratórios e salas de estudo até, do Secundário.
E pergunto: Para quê, a construção de um outro edifício afastado da vila?
E qual a ocupação que vai ser dado ao actual? Demoli-lo? Deixá-lo ao abandono, como sucede ao edifício da Alfandega?
Estes e outros argumentos que podiam ser evocados, suficientes são para que a titular da Educação ou o Governo reconsidere a sua deliberação, a bem do Serviço Público e de uma terra que deseja que o seu futuro seja acautelado para que possa desenvolver-se e progredir.
Demais, se é necessário ampliar o edifício actual não falta espaço. O processo de expropriação tanto pode dar-se num local como no outro.
Sem desejar, voltei uma vez mais a este assunto. Espero ser a última vez. Somente o faço no desejo bem visível de acautelar o desenvolvimento da vila onde nasci e tanto prezo. Estou a defender o futuro desta terra. Tenho esse direito e, até, esse dever. Outros pensarão o contrário. Cada um pode pensar livremente como bem entender. Todavia, muitos se enganam e o futuro dirá quem está dentro da razão. Não se precipitem, pois... Ainda é tempo de se recuar, com brio e dignidade...
Vila das Lajes,
4 de Março de 2011.
Ermelindo Ávila
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