NOTAS DO MEU CANTINHO
Nem tudo, por estas bandas, são atrasos. Felizmente
que assim acontece e que os povos respectivos das pequenas localidades, que
beneficiam desse desenvolvimento, vão sendo capazes de promover o seu próprio
progresso e bem-estar social.
Refiro-me, particularmente, a certos
subúrbios que conheço, desde quase a minha longínqua infância.
Outrora, eram pequenos aldeamentos, vivendo com
dificuldades e até sem ligações sociais aos meios mais desenvolvidos ou urbanos,
pois nem meios de comunicação capazes – estradas que permitissem o meio de
transporte motorizado - possuíam. Conheci, na minha infância, num desses
aglomerados, um pequeno estabelecimento onde se transaccionavam alguns géneros,
trocando-os por produtos da terra: milho, feijão, batatas, cebolas e alhos,
ovos de galinha e pouco mais.
Deslocavam-se pelos próprios meios, percorrendo velhos
atalhos ou caminhos de calçada romana, a quilómetros de distância. Para o seu
serviço interno possuíam carros tirados a bois somente. Não havia sequer motos
ou bicicletas. Felizmente que hoje é diferente, muito diferente mesmo. Enquanto
certos meios urbanos se quedaram num pacifismo atrofiante, por razões diversas,
alguns meios rurais caminharam, afoitamente, para um futuro promissor e
socialmente desenvolvido.
Logo que puderam dispor de estradas - calcetadas ou
asfaltadas - melhoraram os seus caminhos e adquiriram meios de tracção
motorizada, para sua deslocação e máquinas para trabalhos de campo.
O pequeno lugar, a que especialmente me refiro, construiu
um templo religioso, que possui no frontispício um bom relógio público para
orientação da população.
Actualmente detém um dos melhores
salões multiusos da ilha, onde fazem os seus encontros, bailes e refeições
comunitárias.
Os alunos passaram a frequentar as escolas secundárias
e até universitárias. Juventude, assim preparada, vai encontrando melhores
colocações profissionais.
Foi sempre, como é natural, uma terra de emigração. Os
seus filhos, em terras de imigração, deram sempre excelentes provas de civismo,
dedicação ao trabalho, interesse pela vida dos meios onde se fixaram. Basta ter
presente a acção heróica de “John (Portugee) Phillips”, o Manuel Filipe, (nome
de Baptismo), que em terras Americanas se tornou herói nacional pela sua acção
corajosa na defesa contra os índios que habitavam (e alguns ainda habitam) os
Estados Unidos da América. O Manuel Filipe nasceu a 28 de Abril de 1832 e foi
baptizado em 3 de Maio (faria hoje, data deste escrito, 185 anos). É pena que
não seja recordado na sua terra Natal.
Mas, naturais da mesma localidade, outros emigrantes
se hão distinguido, ocupando nos Serviços Estatais, posições de relevo.
Estou a referir-me ao lugar das Terras, subúrbio da
Vila das Lajes que, no corrente ano, está a celebrar as suas tradicionais
festas quinquenárias em louvor do Divino Espírito Santo, reunindo familiares e
amigos em número de algumas centenas.
É este lugar de poucas centenas de habitantes, que em
1883 tinha 194 habitantes e só um marido ausente, precisamente o de Filipa de
Jesus.
Lajes
do Pico,
3
de Maio de 2017
Ermelindo
Ávila
Sem comentários:
Enviar um comentário