NOTAS DO MEU CANTINHO
Estamos chegados
aos derradeiros dias do ano de 2016. Em pouco entraremos no 2017, que o mesmo é
dizer, quase um quarto de século já se passou, desde a entrada do século vinte.
E que difíceis têm sido estes primeiros dos dois mil anos decorridos após
Cristo ter vindo ao mundo para remir a humanidade do pecado de Adão.
E basta demais
referir esses tenebrosos anos de guerras, sismos e calamidades que atingiram os
homens de todos os quadrantes do Universo.
Mas continuam os
conflitos, as catástrofes, e as tempestades acontecem quando menos se esperam.
A humanidade caminha, numa correria desenfreada para o abismo. Um abismo
horripilante e cujas consequências são difíceis de adivinhar.
Olhando para o ano de 2016, é
horripilante a história que nos deixa. E em todas as nações. Até da calma
América do Norte onde, embora faça a guerra em “casa dos outros”, não deixam de
ocorrer acontecimentos tétricos.
Como foi, p.e., a
inesperada eleição de Donald Trump para a Presidência da Nação. E se não houve
manifestações revolucionárias, mas somente manifestações de desilusão, por
aquilo que é anunciado, não é de prever um estado de paz e de harmonia entre as
nações vizinhas. O próprio Trump já anunciou uma nova “cortina de ferro”, à
semelhança do louco Hitler, entre as nações fronteiriças. E as nações
latino-americanas vão esperando o pior... Basta ter presente o que passou no
Brasil, com a substituição da Presidente.
A revista Além-Mar,
no seu número de Outubro passado, traz a horripilante notícia:
“A intensificação dos
combates no Sudão do Sul, lá levou mais de 185 mil pessoas a fugir, desde
Julho, deste país da África Oriental, independente deste 2011. “O número de
sul-sudaneses acolhidos em países vizinhos superou a marca do milhão” avança o
ACNUR,(Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). O Sudão do Sul
soma-se assim a Síria, Afeganistão e Somália três países com mais de um milhão
de refugiados. Além disso, outros 1,6 milhões de sul-sudaneses estão deslocados
dentro do país, assolado por uma guerra civil desde 2013. A maioria dos novos
refugiados sul-sudaneses cruza a fronteira em direção ao Uganda. Mais de um
terço da população enfrenta uma insegurança alimentar “sem precedentes”.
É trágica a
notícia que se transcreve. E não pode dizer que seja falseada com fins
políticos, pois trata-se de um órgão da Comunicação Social do maior prestígio.
Afinal o Mundo
está numa revolta permanente. Mesmo aquelas nações que vivem oficialmente em
paz estão numa contínua convulsão política e social. É o que se observa no
próprio Portugal, onde, por tudo e por nada, acontecem as greves, as
manifestações de rua, os protestos contra medidas legislativas.
E, com a situação de revolta permanente vem a conhecida carestia de vida, ou crise económica que atinge todos os sectores sociais.
E, com a situação de revolta permanente vem a conhecida carestia de vida, ou crise económica que atinge todos os sectores sociais.
É, na realidade,
a maior crise, aquela que estamos a atravessar, que, além das dificuldades da
subsistência, acarreta consigo graves situações de subsistência e de pobreza,
sem que se vislumbre melhorias de vida.
A grande crise da actualidade, para os
açorianos, é naturalmente o desemprego, principalmente da juventude, que se vê
obrigada a abandonar a família e procurar noutras terras trabalho digno e
seguro, pois a terra onde vivem, não tem capacidade para lhes dar.
E trago aqui os
refugiados, que vão chegando à Europa. Alguns foram encaminhados para Portugal.
Se vierem para os Açores, quem lhes vai dar ocupação? Se não há para os
naturais, como acolher os estranhos para uma permanência sem contagem de tempo?
O turismo
manifestou-se como um sector de acolhimento importante para a juventude.
Todavia, com a ausência de visitantes, encerram os estabelecimentos hoteleiros
e os empregados vão para o desemprego. Uma situação que surgiu inesperadamente
e que atingiu muitos jovens que, por aí deambulam, temendo o futuro que os
espera.
Não repudiamos os
refugiados. Sentimos bastante a situação de angústia em que vivem e que os
obriga a abandonar as terras onde nasceram, onde organizam as suas vidas, onde
deixam seus bens, as suas comodidades, alguns familiares, velhos amigos, para
se defrontarem afinal com o imprevisto, a incerteza da vida que os espera.
Os refugiados
não podem nem devem ser repudiados. Têm de ser acolhidos, sem demora, pelas
nações onde aportarem, pois cada dia que passa é de infortúnio, melhor dito de
fome, de doença, de falta de abrigo, de miséria. Não são criminosos que se
levem para os nefastos campos de concentração. Esses terríveis tempos passaram,
ou vão repetir-se com novos Hitler?
Vamos entrar no
17º ano do século 21. Que não se repitam as guerras e revoluções que se registaram
no ano passado, como parece, está a acontecer.
Nasci durante a
Grande-Guerra (1914-1918). Ainda criança apercebi-me das dificuldades de
subsistência, das senhas de racionamento, das sacas de farinha enviadas pelos
familiares imigrados na América. Esse rosário de dificuldades foi uma constante
no ano que está a findar. Tenho esperança que, aquele que está a chegar trará
melhores condições de vida, de paz e de bem-estar para toda a humanidade.
Lajes do Pico,
24 de Dezº de 2016
Ermelindo Ávila.