NOTAS DO MEU CANTINHO
Quando os povoadores chegaram à Ilha do Pico, a meados
do século quinze, procuraram construir os edifícios necessários à sua
instalação e os indispensáveis aos serviços públicos. E foi assim que
construíram nas Lajes a Casa da Câmara ou Paços do Concelho, no centro do burgo
que estavam a fundar.
Naturalmente que não trouxeram
arquitecto e/ou engenheiro civil que orientasse a escolha do local e a construção
dos edifícios, mas com certeza homens práticos capazes de projectarem e erguerem
tais edifícios.
Não se dispersaram. O espaço era praticamente plano –
uma fajã, dizem – e permitiu que a igreja e a casa da Câmara ficassem quase
juntas.
Construções
simples e “pobres”, três séculos decorridos estavam praticamente incapazes de
serem utilizadas.
Da igreja, ou igreja matriz, temos algumas informações
de visitas oficiais, como seja os Bispos e o Governador Civil, os quais, em
seus relatórios, chamam a atenção para o estado decrépito em que se encontrava
a igreja Matriz. E o assunto acabou por ser resolvido com a construção da nova
Matriz, embora esta levasse bastantes anos a ser concluída – 7 de Julho de
1897, data da bênção da primeira pedra e 28 de Maio de 1967, data da
inauguração solene.
Com o edifício da Câmara pior aconteceu. Extinta a comunidade
do convento franciscano, por decreto de D. Pedro, expedido de Ponta Delgada e
datado de 17 de Maio de 1832, a Câmara Municipal das Lajes do Pico pediu a sua
cedência para nele instalar as repartições públicas. O pedido foi atendido e o
edifício concedido interinamente (sic)
com a condição de ser reservado um espaço para os Serviços Púbicos. E essa
situação se tem mantido, apesar das obras ali realizadas para adaptação e
conservação.
No antigo convento, presentemente o mais imponente
edifício da Ilha, estiveram instalados os serviços judiciais, até à extinção,
com as respectivas cadeias, e os Serviços do Registo e do Notariado. Ainda lá
se conservam, além dos serviços municipais, os Serviços de Finanças e a
esquadra da PSP. Mas importa que se tomem medidas, para que os serviços da Câmara
Municipal possam ser convenientemente instalados.
Na vila das Lajes, possui o Estado um excelente
edifício, onde estiveram instalados os serviços aduaneiros até à sua extinção
e, depois, a Guarda Fiscal. Encontra-se fechado e em degradação. Nele podia instalar-se
os Serviços de Finanças, permitindo à Câmara Municipal ter mais condignas
instalações e até um salão nobre, pois, o que existia houve que ser ocupado.
Com a construção do novo edifício da Escola
Secundária, extra-muros, e a quase três quilómetros do centro urbano, ficou
desocupado o primitivo edifício. Será mais um para ser abandonado? Há quem
alvitre ser nele instalado, com as devidas e indispensáveis adaptações, o
Centro de Saúde. E o actual, construído para aqueles serviços, não poderá ser
ampliado, dotando-o de melhores equipamentos e meios de diagnósticos?
E não poderia o
antigo edifício escolar das Lajes ser adaptado a um serviço de utilidade
turística? Importa que se promova um estudo técnico para a utilização daquele
imóvel de grandes proporções, e se evite que, em breves anos, seja mais um
mamarracho a desfear o velho burgo lajense, já bastante delapidado.
A actividade turística está a desenvolver-se em todas
as ilhas. A ocupação de camas aumenta anualmente. O turismo rural beneficia de
maneira assombrosa, desse crescimento. Mas, na realidade, são os
estabelecimentos hoteleiros que estão a ser bastante requisitados. Felizmente
que isso acontece, pois a ilha, ao que se julga, só se desenvolverá,
aceitavelmente, com o Turismo. A favor, temos a atracção de ver baleias. E essa
é realmente muito importante. Segundo consta, uma das empresas situadas na
ilha, ligadas a essa actividade, encerrou o ano em curso, com 10 mil saídas.
Assim mesmo: dez mil saídas.
Muitos dos visitantes não se instalaram
nesta vila, pois, por cá, quase se ignora o que é um estabelecimento hoteleiro.
Segundo creio, dentro do centro urbano, apenas um tem essa classificação.
Existem somente camas disponíveis no “turismo rural” e em poucas “unidades
hoteleiras”.
Quando haverá quem se disponha a
instalar no centro das Lajes – espaço não falta – um hotel de três ou quatro
estrelas, ou coisa que a isso se assemelhe?
Se o Turismo é a indústria do futuro,
que falta para o trazer, com todos os seus benefícios, para esta vila que não
se ufana de ser avoenga, mas que
deseja ser um centro urbano com presente e futuro?!...
Não poderá a Câmara Municipal, juntamente
com outros parceiros, ter a iniciativa? Outras já a tiveram com óptimos
resultados.
Vila
das Lajes do Pico,
17
de Novº. de 2016
Ermelindo
Ávila
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