RESPINGOS
É um tema simpático para este início do chamado Ano
Litúrgico.
Outrora, todos os fiéis cristãos respeitavam os ciclos
litúrgicos estabelecidos pela Igreja, cumprindo as suas normas com
respeito e fidelidade. Com o desenvolvimento da Sociedade moderna,
tudo se modificou e hoje, nem todos estão dispostos a cumprir essas
normas que de mal nada tinham.
Apesar das
novas formas de vida, que alguns querem classificar de nova
civilização, há lugares e terras (núcleos habitacionais antigos)
que mantêm os costumes e os hábitos trazidos dos tempos, algo
distantes, de seus avós.
Felizmente
que isso acontece nalgumas terras destas ilhas, onde as antigas
tradições se conservam com respeito.
Ontem foi
dia de Finados. A Igreja Católica recorda, de modo particular,
aqueles de seus fiéis que já partiram para o Pai. Fê-lo, como
habitualmente, sufragando as almas dos mortos, com actos litúrgicos,
por cá bastante concorridos. E não deixou de visitar as campas dos
falecidos…
No dia
anterior, foi o dia de PÃO POR DEUS. Um velho costume que as
crianças ainda trazem até hoje: Pão por Deus! Por amor de Deus!
Para as avós, eram elas que se dedicavam a esse trabalhinho, faziam
umas pequenas sacolas onde os miúdos recolhiam as dádivas: moedas,
doces, géneros (cambadas de milho, punhados de batatas), enfim, tudo
o que fosse útil para as crianças e até adultos.
Conheci
terras nos Açores em que algumas instituições criaram o sistema
de, ao sábado, destinar umas tantas moedas para os pobres mendigos
que lhes batiam à porta. Assisti um dia, casualmente, a um acto
desses e fiquei chocado com a maneira brusca como o pobre foi
recebido.
Por cá
ainda se mantém o pão por Deus. Um dia diferente que é lembrado e
respeitado.
Pouco ou
muito, todos dão e são vários os que pedem: alguns por
necessidade, outros para manter uma tradição.
Depois da
colheita, porta-a-porta, era a partilha pelos companheiros. Ninguém
refilava…
Talvez,
outros tempos.
Vila-Capital
da Cultura Baleeira
Nov. 2017
E. Ávila
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