Notas do meu cantinho
Há
dias ofereceram-me um passeio pela ponta Leste da Ilha. Estive em três ou quatro
freguesias e admirei o surto de desenvolvimento urbano que me foi dado apreciar
ao longo do percurso. Sobretudo causou-me surpresa agradável alguns dos prédios
recentemente edificados, com a particularidade de serem construídos em pedra lavrada,
sem quaisquer vestígios de cimento ou cal. Uma autêntica maravilha, a fazer
recordar os prédios antigos, onde a cal e muito menos o cimento entravam, mas
apenas o barro da terra a segurar as taliscas
Uma
das proprietárias informou-me que tinha vinte e oito camas à disposição dos
visitantes e que naquele momento estavam quase todas ocupadas. Mas outros
prédios, ao redor desta ilha, foram preparados para o chamado turismo Rural,
uma nova modalidade que está a ser posta à disposição, principalmente do
turista europeu. Disso dá testemunho o número das viagens que, durante o verão,
se fizeram da Holanda para o Pico e que, sem explicação, a dar crédito à comunicação
social, deixou de viajar para esta ilha, ficando somente pelas de S. Miguel e
Terceira. Mas essa atitude inesperada da TUI não põe fim aos que viajam da
Europa e da América para a Ilha Montanha. Há qualquer coisa de agradável que os
atrai, sem grandes propagandas, a não ser aquela que transmite para o exterior
a Internet.
Certo
é que, não raro, quando passamos pelas estradas picoenses, do litoral ou mesmo
do interior, frequentemente nos cruzamos, normalmente com casais estranhos à
ilha. E examinando os mapa da ilha de que são portadores, atravessam não
somente as estradas, como os caminhos vicinais e até as canadas e os trilhos, admirando
as árvores, as paisagens e os panoramas, e gozando, ao que bem se julga, o clima
ameno que envolve a ilha.
É
interessante esta nova modalidade do turismo rural, que se está a desenvolver em
todas as freguesias da ilha, mas principalmente naquelas em que a emigração
deixou muitas casas desabitadas e que agora estão a ser louvavelmente aproveitadas.
O
Pico, porém, não pode limitar-se unicamente ao TURISMO RURAL, pois o seu
rendimento pouco mais vai além dos alugueres das camas e de uma ou outra refeição
tomada nos pequenos restaurantes que todas, ou quase todas a freguesias já possuem.
É interessante ver por aí, num deambular pacífico, os simpáticos turistas, mas
importa retirar dessa nova actividade industrial maiores rendimentos, que
beneficiem os jovens com empregos estáveis e, consequentemente, promotores de
progresso e e desenvolvimento da própria economia.
É tempo
de se pensar a sério na indústria hoteleira, pois não bastam os
estabelecimentos de categoria diversa, que existem.
A Vila das Lajes do Pico necessita,
sem demora, de estabelecimentos hoteleiros que promovam o turismo “clássico”, que
possa responder às exigências de visitantes titulares de poder económico, e
muitos são.
Temos
restaurantes de boa categoria, mas não existem ainda, na vila e seu centro histórico,
estabelecimentos que possam receber os turistas com as comunidades que alguns
exigem e, para os satisfazer, necessita-se de, pelo menos, um estabelecimento
hoteleiro de três ou quatro estrelas.
Vai
ficar vago o edifício da Escola Secundária, com a transferência daquele serviço
para as novas instalações dos Biscoitos -extra-muros, digamos.
Não
será tempo de se pensar na utilização daquele grande imóvel?
Porque
não utilizá-lo para um estabelecimento hoteleiro condigno? Espaço não falta.
Nele podia ser instalada, ao menos, uma POUSADA DA JUVENTUDE…
Fica
o alvitre.
Engrade, 12-09-2016
Ermelindo Ávila
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