Notas simples
Trago hoje à liça uma figura notável da
Música portuguesa - António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828). Foi um dos
mais notáveis construtores de orgãos do período do barroco.
Os seus 103 órgãos, econtram-se dispersos por diversas
igrejas portuguesas, tendo chegado aos Açores e à Ilha do Pico, 14
instrumentos.
O primeiro órgão de Cerveira, já desaparecido, pertenceu ao
Mosteiro dos Jerónimos, seguindo-se o da Igreja de São Roque e da Basílica dos
Mártires, todos em Lisboa. “Com este órgão, o número
3 da sua autoria, o artista obteve grande reputação, tendo sido incumbido de
construir todos os órgãos que as igrejas de Lisboa tiveram que readquirir, na
reedificação da cidade, após o terramoto de 1755. 1
Mas com o passar dos anos, uns vão desaparecendo pelo mau
tratamento de conservação que os proprietários lhes foram dando no decorrer dos
tempos, enquanto outros, mais cautelosos, vão tratando os instrumentos musicais
com maior cuidado. Mas, infelizmente, os desastres também acontecem.
O histórico Órgão da Matriz das Lajes do Pico foi construído,
em 1804. É o 66º exemplar e o mais pequeno de toda a obra de Machado e
Cerveira, foi o sexto órgão feito para os Açores pelo Artista e o primeiro a
vir para a Matriz das Lajes.2
Que eu saiba, já teve duas intervenções que o beneficiaram. A
primeira foi da responsabilidade de um organeiro continental que aqui se
deslocou, propositadamente; a segunda foi no século findo, comparticipada pela
Direcção Regional da Cultura, a pedido do antigo Ouvidor e Vigário Dr. António
Rogério Gomes e executada pelo organeiro micaelense Dinarte Machado. Este
organeiro fez a limpeza interior do instrumento e modificou-lhe o sistema de
ar.
Actualmente, o órgão da Matriz das Lajes do Pico é um
instrumento de concerto e alguns se têm nele efectuado.
Antes da sua aquisição, o acompanhamento do canto, na antiga
Igreja Matriz, era feito pelos frades franciscanos, com violoncelo e rabecão.
Quando surgiram os órgãos, as igrejas do Pico foram das
primeiras a promover a aquisição de um desses instrumentos.
O P. Thomé Gregório, pároco da Calheta de Nesquim,
deslocou-se à ilha de S. Miguel para ouvir e observar o trabalho que estava a
executar o clérigo P. Joaquim Silvestre Serrão que dirigia a construção do
orgão mais pequeno da Sé de Angra. E a partir daí foi lançada a construção do
órgão destinado à Igreja da Calheta de Nesquim.
Thomé Gregório de Lacerda, jorgense, tio do Maestro Francisco
de Lacerda, construíu o órgão da Piedade, o primeiro das igrejas do Pico,
infelizmente desaparecido.
O órgão da Igreja de São João é um trabalho de António
Nicolau Machado Ferreira, de Ponta Delgada. Tem 479 tubos e foi restaurado no
ano 2000 por Dinarte Machado.
Outras mais
referências podia aqui fazer mas, por hoje, fico por aqui.
VILA DAS LAJES,
9 de Dez.º de 2017
ERMELIND0 AVILA
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