Notas do meu cantinho
O verão vai chegando, embora com intermitências
invernosas. Mas é o que temos de viver. Já que o inverno foi dos mais
devastadores dos últimos anos.
Com a
entrada do Verão, vão aparecendo por aí os turistas estrangeiros a trazer um
pouco de movimento, de vida à pacatez da terra picoense que não somente a este
ou aquele sítio mais privilegiado. A Natureza é igual para todos, prodigalizando
horas de conforto e bem-estar ou, por vezes, arremetidas tempestuosas que causam
prejuízos materiais e trazem em sobressalto as pessoas, com a falta de
segurança que lhes traz.
Mas
esqueçamos o Inverno e vamos aproveitando, de maneiras diversas, a estação
calmosa que mais se faz sentir com o calor que nos traz e que obriga as pessoas
a mudar de ambiente e a procurar refúgio nos lugares onde os climas são mais
equilibrados e reconfortantes. E nestas ilhas, o Mar é o refúgio para quantos o
podem aproveitar, nos banhos das suas águas temperadas e límpidas, actualmente
assinaladas com a bandeira azul.
Como
disse, os turistas andam por aí,
despreocupadamente, sem receios de ataques terroristas, gozando o bom clima
destas ilhas. E o Pico é uma das ilhas que os turistas europeus, qualquer que
seja a nação de origem, mais procuram. A muitos deles não interessam as
instalações hoteleiras de muitas ou poucas estrelas. Vão aproveitando, aqui e
ali, as habitações que se lhes oferecem. É o chamado turismo rural, que está a
desenvolver-se, satisfatoriamente, com proveito para aqueles que o sabem explorar
com seriedade e oportunidade, seja na Calheta, nas Pontas Negras, na Silveira
ou agora na Terra Alta.
No geral
são pessoas simpáticas, que cumprimentam os residentes com gestos amáveis e,
quando conversados, deixam as melhores impressões e as mais singelas opiniões
acerca da terra e suas gentes.
Mas os
picoenses não vivem, presentemente, do turismo, embora já se faça sentir algo
de positivo na economia local.
Eles
mantêm as suas tradições que guardam com sentido altruísta e as suas festas, ou
religiosas e profanas, que vão celebrando todos os anos, principalmente as
chamadas festas de verão. E elas já
começaram no passado domingo, com a Festa de Santo Cristo. A 22, é a da
Padroeira Santa Maria Madalena, com as festas da Vila Fronteira.
A 6 de
Agosto realiza-se nas paróquias de Calheta de Nesquim e São Mateus as
solenidades do Bom Jesus. A 15, é a da Senhora da Assunção em São Caetano, ou
da Mãe de Deus na Silveira e na Prainha do Norte, e a 16, a do Padroeiro da
Vila de São Roque, e, no último domingo, a de Nossa Senhora de Lourdes da vila
das Lajes.
A 8 de
Setembro a freguesia da Piedade celebra a Festa da sua Padroeira e, no fim do
mês, é a festa da Senhora das Mercês, na Manhenha, onde se prova já o vinho
novo. Mas, antes, e desde há três anos, a Engrade celebra a festa em honra de
São João Paulo II, na sua nova ermida, a primeira construída na ilha e dedicada
ao Papa Karol Wojtyla.
Depois
das vindimas e da celebração destas festas, os veraneantes recolhem às suas
residências. E isto à volta da ilha, pois em todo o Pico se cultiva vinha e se
fabrica vinho, normalmente tinto, e de várias castas, pois o antigo Verdelho há
muito que desapareceu... E são poucas as freguesias onde, no mês de Setembro,
não se vá até às adegas para apanhar os figos e as uvas que se produzem.
De
registar ainda a festa de São Mateus, onde se realiza o “Império”, o último do
ano, em cumprimento do voto feito por ocasião da crise sísmica de 1718 e 1720 e
que aquela paróquia continua a cumprir todos os anos, com dignidade e respeito
por uma tradição de quase três séculos.
A Ilha
do Pico é uma terra muito procurada no verão. Vêm os turistas estrangeiros e
igualmente os emigrantes. Estes, no geral, além das visitas aos familiares,
procuram estar nas suas freguesias de origem por ocasião das festas locais,
dando-lhes assim maior brilho. É o que acontece todos os anos. Felizmente.
Vila das
Lajes,
5-Julho-2016
Ermelindo Ávila
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