Notas do meu cantinho
Sempre procurai
agradecer qualquer gesto, fala ou dádiva. E se nem sempre o faço, atempadamente,
é porque uma razão forte me impede de fazê-lo. É o caso presente... Mas vamos
ao que importa.
Três vezes
visitei o Canadá. Mais propriamente Toronto. Sempre fui recebido e tratado com
gentilezas tamanhas que nunca poderei esquecer. Hoje, já não posso voltar àquela
jovem e progressiva Nação. Razões fortes me impedem de fazer a viagem. Àquela e
a outras terras da Diáspora, como sempre foi meu desejo, embora nunca desejasse
emigrar... Creio que já isto escrevi. Se o fiz, nada impede que o repita. Cito
mesmo uma frase latina, que o explica: Quod
abundat, non nocet.
A última vez
que fui a Toronto, foi em 2007. Acompanhei o Doutor Sérgio Ávila, meu neto, no
lançamento do livro “A balada das baleias” de que ele é autor, conjuntamente
com o Sidónio Bettencourt e comigo.
Nessa ocasião,
seguiu também o Grupo Coral das Lajes do Pico, da regência do malogrado
Maestro, e brilhante musicólogo e compositor, Manuel Emílio Porto. Recordo,
embora seja para esquecer, a maneira pouco... “aceitável” como a Presidente da
Câmara de Toronto (nem já recordo o nome) recebeu o Grupo Coral (que talvez
julgou tratar-se de um simples grupo folclórico), mandando preparar um recinto
ao ar livre, embora coberto com um toldo, para a exibição do Grupo, quando
este, pela sua categoria artística, merecia melhor tratamento. Mas isso também
aconteceu numa cidade açoriana há anos passados. E que só revela a “incultura”
musical, digamos, de quem recebeu o categorizado grupo... Mas, hoje, só refiro
por acidente o aludido.
Em Toronto,
por mera casualidade, assistimos à inauguração da nova sede da Casa dos Açores e foi lá que teve lugar
o dito lançamento de “A Balada das Baleias”.
Nessa ocasião recebi convite da
minha conterrânea que presidia à sociedade Clube
Asas do Atlântico, cujos sócios eram, em boa quantidade, picoenses. E lá fui,
muito gostosamente, recebido com as maiores atenções. Era um domingo e creio
que se “festejava” uma “matança de porco” à maneira açoriana.
O salão estava
repleto de associados e convidados, todos saboreando morcelas, torresmos,
fígado e outras iguarias mais, tudo cozinhado por gentes açorianas. No palco,
já preparados e “pendurados”, cinco ou seis suínos, que haviam sido abatidos
para o efeito.
E enquanto o
repasto continuava – lá fui encontrar muitos conhecidos, entre eles recordo
ainda Monsenhor Resendes, pároco da paróquia portuguesa de Mississauga, -
alguns indivíduos procediam ao leilão de pedaços – por vezes um quarto dos
suínos - que alguns arrematavam para conservarem nas “arcas” domésticas.
Depois de uma
pequena saudação a toda a numerosa assistência foi-me servida a refeição.
Apetitosa e apreciada que foi!
Os canadianos
não esqueceram este conterrâneo. Há dias duas senhoras, que residem em Toronto
e por aqui passaram em visita de saudade, deixaram na minha residência uma mensagem
referindo a homenagem que me prestaram em Abril, acompanhada da placa em anexo.
E com o coração
nas mãos, aqui deixo a todos, os que tomaram parte na noite regional e igualmente ao Grupo
de Teatro As nossas Raízes, o meu sincero, cordeal e profundo
reconhecimento por tão simpática quão imerecida homenagem.
Deus lhes pague!
S/ C- em Lajes do Pico,
Junho de 2016.
Ermelindo Ávila
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