NOTAS DO MEU
CANTINHO
Está no fim o ano de 2015. Um ano
cheio de acontecimentos vários, como aliás são todos os anos que passam. Mas
este, na realidade, foi bastante amargo para a humanidade. Basta fazer um exame
retrospectivo e verificar os acontecimentos, os mais díspares e que ocorreram
durante 2015. E deixo para trás os acontecimentos políticos que a bem poucos
agradaram.
Ainda
agora, já no mês que está a findar, violentas tempestades assolaram algumas
Ilhas açorianas, causando sérios prejuízos. Aqui no Pico, quase uma semana
estivemos sem ligações para o exterior, quer marítimas quer aéreas.
Um
violento incêndio, e diga-se de passagem que sinistros dessa natureza não são
muito frequentes, destruiu completamente um importante complexo comercial, em
São Roque do Pico, causando sérios e avultados prejuízos.
No
Oriente, mantêm-se uma guerra fratricida, que está a causar, como acontece em
todas, as mais funestas consequências, não se encontrando para ela qualquer
solução. A Síria, o Irão, o Iraque, o Líbano, estão há quatro anos em
permanente guerra, agora auxiliados pela Rússia, que ainda conserva as ambições
diabólicas da antiga União Soviética. E, na opinião de alguns críticos
internacionais, só a América do Norte pode pôr termo a tamanha carnificina,
pois é sabido que nenhuma das nações da União Europeia tem influência nem
capacidade militar para intervir no conflito islâmico.
O
terrorismo que já chegou à França e anos atrás se manifestou horrorosamente em
New York, é uma ameaça continua, que pode a qualquer momento rebentar nas
nações mais pacíficas.
E vem a
seguir a avalanche de refugiados que diariamente chegam à Europa, com certeza o
maior flagelo da época actual. Viajam em condições dramáticas e não raro
acontecem os naufrágios. Pedem refúgio em qualquer nação europeia. Portugal já recebeu
o primeiro grupo. E se é de justiça acolher essa avalanche que diariamente
aporta às nações mediterrânicas, os refugiados não deixam de ser um problema
muito sério para as nações de acolhimento. Vêm aumentar o desemprego. Trazem
consigo hábitos e costumes muito diferentes dos europeus. Um “modus vivendi” completamente
alheio ao nosso, que se manifesta no convívio, na língua, na religião, no
trajar e que revelam um autêntico atraso na civilização que praticam.
O
movimento das pessoas é um direito sagrado. E se é um gesto de simples caridade
receber e acolher esses que fogem a uma guerra, com gravíssimas consequências
sociais e materiais, importante é também ter alguma cautela com esses, agora
denominados “refugiados”, para que não sejam eles a “impor” a sua primitiva civilização.
Portugal,
e quem diz Portugal diz igualmente as Ilhas, embora beneficiem de um regime
autónomo, está em crise política, social, económica. Deixo a primeira para
trás. Fico pela social e económica, dado que esta se reflecte perfidamente
naquela. As falências bancárias, o encerramento de empresas comerciais, a
causar desastrosamente o desemprego, o êxodo da emigração que este provoca e,
para os que ficam, o chamado custo de vida: os baixos salários, o aumento das
tributações estatais, o elevado custo dos géneros de primeira necessidade, a alimentação,
o vestuário, o calçado.
Apesar
disso é um acto de justiça que não deve esquecer-se, o acolhimento dos
refugiados e tantos são crianças e idosos, que vêm forçados a abandonar as casas,
as terras onde nasceram, os seus hábitos, costumes e até a tradicional religião,
para escaparem com vida em terras estranhas.
+
Dentro
de poucas horas o calendário apresentará o novo ano de 2016. O que será
ele? Os conflitos e as guerras vão continuar.
A economia com todos os seus reflexos na vida social, laboral, familiar, vai
manter-se em baixo nível. O desemprego vai aumentar. A fome vai agravar-se. A
doença vai-se propagando e os hospitais vão-se tornando cada vez mais incapazes
de responder às solicitações das enfermidades que se vão multiplicando em razão
das precárias condições de vida. O flagelo do desemprego vai manter-se ou
aumentar, atingindo principalmente a classe etária mais jovem e incitando à
emigração, deixando as terras abandonadas, os velhos nos asilos e as
maternidades vazias…
Até
quando?
Apesar
de tudo, aqui deixo, sinceramente, os meus votos de um ano de 2016 muito feliz.
Lajes do Pico
31 de Dezembro de 2015
Ermelindo Ávila